quarta-feira, 11 de novembro de 2009

união de facto ou casamento?

O PSD propõe uma modalidade soft para as uniões de casais do mesmo sexo. Uniões registadas. A princípio pareceu-me a solução mediadora: resolvia a questão dos direitos cívicos, saúde, habitação,impostos com a protecção que têm os casais legitimamente casados e, ao mesmo tempo evitava a fractura social que a legalização do casamento homossexual poderia trazer. Depois, de pensar um pouco, já não me pareceu uma boa solução porque não resolve nada. O nome parece-me descriminatório. Porque não legalização de uniões de facto? Continuo a pensar que a questão tem que ser resolvida, não se pode ignorar 10% da população como se não existisse, quando existe e é activa, votante, contribuinte etc. Mas se a questão fosse só de direitos, legalizar as uniões de facto resolvia. A questão do casamento é no entanto mais arriscada e mais ousada porque essa sim pretende tornar a relação homossexual uma relação com o mesmo grau de aceitação da heterossexual. Porque o casamento tem um vínculo social mais profundo que a união de facto, esse vínculo alicerça-se no tempo, na memória, na história. Nos anos 60 considerava-se coisa burguesa e hipócrita. Lutava-se pela autenticidade do amor fora do aval do conformismo institucional. Agora um movimento pela liberdade das minorias faz do casamento uma bandeira. O movimento que permitiu a liberdade sexual também se opôs ao casamento e agora reinvindica-o. Os tempos mudaram. Sim, mas porque será uma bandeira de liberdade o que há quarenta anos não passava de um símbolo de escravidão?

6 comentários:

~pi disse...

porque o puzzle se alterou?

as representações são agora

outras

o casamento ilude ainda

algumas questões viscosas,

aparentemente, resvala menos nelas

as uniões assumem-se mais sólidas de aliança no dedo[ não o sendo, porém,

e porém,,, há uma insistência fictícia ( procura de solidez, sim, que se justifica em si,

num mundo onde tudo (quase tudo)

escapa e se diluuuui, ui,ui,, :)




beijo e...sim, saudades,




~

Ana Paula Sena disse...

Bom...pertinente questão sem dúvida.

Talvez o que mova esta bandeira seja a liberdade de escolher a escravidão :))

Por mim, tudo bem. Desde que não se revele escravatura mental... isto sim, é mais difícil de conter, hetero ou homossexualmente falando.

Claro que, em rigor, o que se pretende é estruturar consistentemente uma nova realidade social, a qual informalmente já existe.

Uniões registadas...humm, parece-me qualquer coisa de intermédio. Nem uma coisa, nem outra.

Beijinhos

Cassandra disse...

Talvez porque a comunidade homossexual não quer estar nas "franjas" da sociedade? Talvez porque, hoje em dia, ser desrespeitado pelo sistema seja uma afronta humana e não uma razão feliz para rumarmos a São Francisco com flores no cabelo. Se há liberdade para assumirmos as nossas escolhas em público, essas escolhas devem estar integradas num todo. Têm de estar. Sem questões e sem reticências. Acima de tudo, sem referendos. Já bastou humilharem os ovários femininos como se fossemos meras "Tupperwares". Beijinho.

via disse...

~pi: essa ideia que dizes é claramente uma referência: num mundo onde tudo se dilui há de novo uma necessidade imensa de coisas sólidas, ou aparentemente sólidas ou que a nossa mistificação aceita como tal. belo ~pi. thanks

ana paula sena:parece-me que é isso estrutural formalmente o que existe informalmente, resta saber se é forçoso que assim seja mas se corresponde aos anseios daqueles que não se sentem bem assim, basta como razão para formalizar.formalizemos então e depressinha que a discussão já vai demorada.bjo

cassandra: humilharam os ovários? e eles? não pregaram um par de estalos em ninguém? a estratégia da humilhação é comum, por aí na boca das gentes. franja...tu estás dada à expressão idiomática e à metáfora eheheh.bjo grande
ah! absolutamente de acordo

J. Maldonado disse...

1. O PSD e o CDS-PP são autênticos surfistas: na última legislatura votaram contra as alterações da lei das uniões de facto e agora vêm propô-las só por causa da polémica em torno dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo... Isso só demonstra que a direita é bipolar...
Além disso, tais uniões registadas são inconstitucionais, pois contrariam o princípio da igualdade entre os cidadãos, pois excluem os heterossexuais, se formos a ver...

2. Se formos a ver também, a polémica em torno dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo é uma bizantinice de primeira apanha. É um casamento civil e não religioso senhores!
Além disso, em bom rigor, o casamento civil só entrou no nosso ordenamento jurídico com a aprovação do Código Civil de 1867, o chamado Código de Seabra. Até aí só existia o casamento católico...

3. "(...) ao mesmo tempo evitava a fractura social que a legalização do casamento homossexual poderia trazer."

Tal fractura social só existe na mente dos conservadores (direita), pois na dos progressistas (esquerda) não existe, tanto que não obstaculizarão a sua aprovação.

4. Quanto ao teor do último parágrafo, se bem me recordo, quem combatia o casamento eram os hippies heteros...
Além disso, a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma questão de justiça que porá fim a séculos de apartheid baseado em preconceitos judaico-cristão...

Anônimo disse...

You could easily be making money online in the hush-hush world of [URL=http://www.www.blackhatmoneymaker.com]blackhat backlinks[/URL], Don’t feel silly if you haven’t heard of it before. Blackhat marketing uses not-so-popular or not-so-known avenues to produce an income online.