sexta-feira, 31 de maio de 2013

madeixa ao vento



a maior parte das vezes somos só nós, uns quantos amigos, umas quantas canções, poeira e frio. fomos fustigados por ideais mas o verdadeiro caldo, morno caldo, assentou na mesa os cotovelos e desejou por incapacidade de luta ou porque nada do que a memória retinha de aconchegante se dizia por slogans ou sólidas frases, desejou um grande amor, uma paixão, que arrebatasse tudo. traduzia-se esse desejo numa imensa saudade de um copo de vinho na intimidade de uma conversa sussurrada. a política era o que restava do eco dela, na cama, ou no pretexto para dar uns abraços e colar uns cartazes entre noitadas. Acho que sabemos o que é o prazer, na palavra curta ainda não o sabíamos à época, acoplávamos à palavra outras, cheias de promessas, deixávamos que se mascarasse, não por querer mas por ignorância, de qualquer modo o prazer tem várias caras e vários são os seus processos de aparecer. mas assim como vemos a qualidade da bica na réstia de espuma da chávena, assim também podemos agora abarcar o que restou deste desejo. não é pouco, é outra coisa, traz a marca de uma liberdade, uma ventania, um alvoraçado ninho.

2 comentários:

cs disse...

Gosto como escreve:)
Boa semana!

via disse...

cs: Obrigada, bom fim-de-semana com feriado especial!!