sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Para começar o novo ano dançando!
SWAY
When marimba rhythms start to play
Dance with me, make me sway
Like a lazy ocean hugs the shore
Hold me close, sway me more
Like a flower bending in the breeze
Bend with me, sway with ease
When we dance you have a way with me
Stay with me, sway with me
Other dancers may be on the floor
Dear, but my eyes will see only you
Only you have the magic technique
When we sway I go weak
I can hear the sounds of violins
Long before it begins
Make me thrill as only you know how
Sway me smooth, sway me now
Other dancers may be on the floor
Dear, but my eyes will see only you
Only you have the magic technique
When we sway I go weak
I can hear the sounds of violins
Long before it begins
Make me thrill as only you know how
Sway me smooth, sway me now
You know how
Sway me smooth, sway me now
sábado, 25 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
O luto vai bem com Electra

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
passagem de nível
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
vórtice
deixa cá ver o que sobra dos dias, sublinhar, corrigir, pontuar.e recomeça
sublinhar, corrigir, pontuar.
ir às compras, esperar nas filas.
sonho que nado resignada contra uma parede enorme de água, uma onda gigante, sei que vou morrer, a morte dá-se a ver nos sonhos, mas tenho alternativa, mergulhar talvez, qualquer coisa sabe a inevitável, mas nesse momento é só a parede enorme que se aproxima. o medo. e ficamos por aqui. não há nada depois do medo.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
sagitários!
domingo, 5 de dezembro de 2010
desviar a atenção
Gripe.chuva. cigarros. No século XVIII os médicos aconselhavam o tabaco a quem sofria de doenças respiratórias, logo, não é de admirar que fumemos e tussamos, simultaneamente, um agrava o outro, diz-se na especialidade médica actual, mas o conforto psicológico é inquestionável. Como se ao agravar o estado de quebrantos respiratórios sentíssemos uma espécie de poder. tipo: se não podes vencê-los junta-te a eles! As crenças que desenvolvemos para ultrapassar maleitas têm insondáveis abismos racionais. Quem disse que a razão era só uma? Hein?? Ainda : ao fumar tenho a sensação de que não dando confiança à gripe, olhando para o lado, ela não se sente mimada e pisga-se. Boa. A ver vamos, se estes mecanismos de terapia poética, resultam.quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
paixão
O funâmbulo Philippe Petit, vindo de uma recôndita aldeia de França, chegou a Nova Iorque e estendeu um cabo sobre as torres gémeas, a 500m de altura, corria o ano de 1974, havia nevoeiro. Da experiência uma frase: "Era como fazer amor com o vento!". As torres estavam ainda em construção e os terroristas islâmicos não existiam, existia só o nevoeiro, a loucura ou a paixão de um rapaz francês. Não era a mesma loucura ou paixão que fez uma série de rapazes despenharem-se contra estes gigantes de betão e destruírem milhares de sonhos. E, no entanto, podemos falar de loucura e paixão nos dois momentos, sinal que nada de bom ou mau ela nos traz por si mas só quando fala para nos inspirar, quando faz voar o que de mais belo existe, um desafio ao possível misturando-se no coração ardente do nevoeiro frio. Frágil recorte sem razão. Só do amor ou a bravura para a memória reter.domingo, 28 de novembro de 2010
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
os trabalhadores
domingo, 21 de novembro de 2010
livres
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
entidade
qual é o perímetro da emoção danada? a configuração com papos de toranja do medo?, ou a curvilínea e alquebrada linha da espuma? a seguir. se seguirmos. tenho na mão o mundo, quando vejo em marte o sol fugir. ou o mundo. a fugir. as minhas imagens inspiro-as, na mesma proporção com que as expiro é dor e alegria, sabes, à vez, numa mesma verbal procura. então marte. lá inclinada sobre a sua imensa distância de coisa no ar e nós cá em baixo a olhar para cima, parando ao som de um violino aparecido exactamente no deslizar das nuvens. estaríamos tentados a chamar às alturas, céu, mas é tão só imensidão não imaginável. um deus que o fizesse não gastaria tanto espaço para lá colocar apenas lua e estrelas e uns tantos gases e sólidos girando, a música são as nossas vertentes fadas que a ouvem, mesmo se ela teima em não ser audível. disse-te. é grande o espaço. pequeno, muito pequeno o coração, e tu pensaste que era uma metáfora, mas não era, depois tentei fechar os olhos e ver para dentro e não fui capaz de ver o coração de tal modo tinha encolhido. atravessei a rua, essa defronte, e fiquei a ver-te de lá, e a rua, aquela defronte, pareceu-me, digo que o senti como e não minto, a galáxia, esse caminho ar e ar entre o meu nariz e marte.segunda-feira, 15 de novembro de 2010
a iarte
tenho alguma dificuldade em entender certa arte contemporânea, como por exemplo as esculturas ou intervenções no espaço. Esta peça de que falo, um contentor com alguns espelhos, de escultura só tem a tridimensionalidade mas mantém viva aquela primária questão: é isto arte? Não poderá um contentor por acaso, um dos muitos anónimos contentores ali de Alcântara zona ribeira (a minha homenagem à preciosa expressão que li há pouco de uma criativa mulher do norte: pedras ribeiras) transmitir as mesmas sensações visuais e ter o mesmo efeito artístico, que aquele contentor/obra do José Pedro Croft? se fosse observado e visitado com a mesma atitude estética, com a qual visitámos o outro, quase igual? A realidade das coisas anónimas.os artefactos na sua ligação fortuita com a natureza, mar, vento, espuma e vértices, linhas, quando olhados esteticamente são também peças artísticas. o segredo está no olhar. até um contentor pode ser nau, pode ser épico e toda a arte é épica. nesse aspecto esta intervenção do artista é útil, porque nos apela a um certo modo de ver, um certo modo de ver contemplativo, desinteressado. Mas de um ponto de vista, o meu, a experiência ali das espinhas do vento e o momento único desse encontro entre elas e o objecto, foi, como dizer, brava, forte, é isso, épica.quarta-feira, 10 de novembro de 2010
titi
Sempre que estou com as minhas sobrinhas dissipo as ondas de nevoeiro cerrado com que a sua ausência me brinda, nada tem de bom a ausência quando nos afasta dos mais queridos. criamos mil fantasmas, mil medos e saudades. esta semana finalmente, conheci o namorado, o primeiro, e gostei. gostei dos seus dentes brancos e da tez corada, ainda me incomodou o abraço, mas rapidamente pus a mente ao largo, ela ama-o, espero que não sofra e se sofrer não demasiado, porque amores de adolescência não são para durar. acalmei, era a mesma, só feliz. depois a mais nova, segui-a no hambúrguer e ri-me durante todo o almoço, tem sentido de humor, irreverência, e sobretudo carácter, não sabe bem o que quer mas percebe perfeitamente onde se esconde o que deve evitar e depois não atira palavras a eito (não sai à tia definitivamente) não, diz o que pensa, mesmo se não vai ao encontro das expectativas dos outros, e percebi que não há medos, está lá o que sempre esteve, autenticidade, foi bom, eu já nem sei o que andava a imaginar... Imagem daqui: http://troll-urbano.weblog.com.pt/arquivo/adolescencia.jpg
domingo, 7 de novembro de 2010
filme

El Ultimo Verano de la Boyita é um filme argentino de Júlia Solomonoff. Mais um filme argentino para me fazer suspirar, A Argentina, ai, ai, um dia hei-de lá ir, já estou quase convencida por não parar de o repetir, então da Argentina lembro-me das pampas, os terrenos férteis de grandes dimensões, clima ameno e aquela língua carinhosa (a pronúncia argentina é mais suave que a castelhana) que nos envolve em segredos e sussurros. este é um filme sobre os segredos da sexualidade e a curiosidade que eles despertam no esboço ainda pouco distinto da puberdade. O que é ser homem? O que é ser mulher? Que papel tem a biologia nessa definição, que papel tem a cultura e a psicologia? Resumindo: como sou, como os outros me vêem e como me vejo ou sinto. As variações possíveis neste trinómio são muitas: sou rapariga, vêem-me como rapaz, sinto-me...confuso/a? Sou rapariga, vêem-me como rapariga, sinto-me rapaz. Sou rapaz, Vêem-me como rapariga, sinto-me...etc. Tal é o dilema de Marquito (estes diminutivos são mesmo calorosos) depois disto a ameaça e a violência, que são o prato costumeiro de reacção à diferença e, a ciência, que pode apaziguar e esclarecer mas não resolve. A ver.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
para esquecer

segunda-feira, 1 de novembro de 2010
abertas
Dia de pão, por Deus. Esta expressão quereria dizer: dai de comer, hoje, a quem tem fome. Fazei-o por Deus. Não o façais por teus irmãos, nem perguntes qual o desígnio, esse, o desígnio, só a Deus pertence, fazei-o simplesmente.Começaram às 10h a tocar à campainha. São daqui, crianças do bairro, alguns traziam um saco de pano e abriam-no à minha frente, e, ali no hall de entrada do prédio moderno, onde as luzes acendem com a presença dos corpos mesmo de dia, ouvi o tilintar das moedas pretas e o muito obrigada nos sorrisos e senti que era bom começar o dia assim, dando a quem pede.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
estado de coisas
a minha impressão espúria sobre o irreversível envelhecimento da Europa confirma-se no casal à minha frente. ele de pé envia um MSN, ela, sentada, com a criança ao colo. a criança, meio adormecida, vai engolindo o sumo que a mãe lhe dá e mastigando o hambúrguer devagar. São 10h30 da noite no centro comercial dos subúrbios. No amplo espaço do serviço de restaurantes, há ainda muitas mesas ocupadas apesar de ser um dia de semana, os écrans gigantes debitam a novela da SIC, Laços de sangue. A criança não quer mais hambúrguer e a mãe põe a criança no chão e o lixo no contentor. O casal deve rondar os 30. Ambos com ar estafado e tristonho, parecem estar há muito fora de casa. Daqui a poucas horas terão de estar todos de pé, novamente, não serão muitas as horas de sono. Pergunto-me quem, no seu perfeito juízo, quererá ter filhos nesta situação de trabalho até à medula, sem horário definido, e com o espantalho da competição e do desemprego nos calcanhares? Quem quer ir buscar a criança ao infantário ao começo da noite ou, no melhor dos casos, fim da tarde, depois de saber que ela lá está há oito horas? Quem quer chegar a casa e fazer jantar, loiça e todos os dias o mesmo? Fim de semana, tratar da roupa, fazer compras. Quem quer uma merda de vida destas? Que sentido tem uma sociedade que não deixa espaço para a respiração familiar? Que não cuida do futuro? Depois admiram-se da Europa estar a envelhecer. Só pode.domingo, 24 de outubro de 2010
word is out
Word is out é um documentário americano de 1978, o primeiro do género, são 26 testemunhos de pessoas que contam a sua experiência da sexualidade homo numa época em que o assunto era escondido como se não existisse. O que ressalta nestes testemunho é a diversidade de experiências e de atitudes face ao facto incontornável de cada um deles descobrir que amava pessoas do seu sexo. Desde os que se organizaram em sociedades secretas em busca de um pouco de apoio, aos que a viveram silenciosamente tentando apagar a pulsão que sentiam e levando a vida normal, casando e tendo filhos, até à impossibilidade de o fazerem sem o sacrifício de si mesmos e dos outros, aos que se sujeitaram a terríveis tratamentos de choque sem qualquer resultado prático. Todos eles falam com um brilho no olhar, como se todo o sofrimento por que passaram não tivesse alterado um milímetro o gosto de estarem vivos, sem ódio, sem ressentimento. As atitudes são díspares mas têm em comum a inteligência e a compreensão de que não pode haver juízos morais face a factos, claros e inequívocos. O modo como essa verdade se inscreve no seu sorriso de aceitação, demonstra a íncrivel vitalidade das suas convicções e das suas personalidades, a força positiva que emana do seu discurso e da sua postura é absolutamente essencial para desmistificar esse mundo que continua a aparecer-nos distorcido pela escandaleira e pelo voyeurismo social e mediático.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
divagações a propósito da Arte
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
segmentos de recta
neste mundo de Orçamento de Estado haverá tempo para outras vozes que não sejam lamúrias? outras vozes sem teatradas? Voto, não voto, passa, não passa? O discurso político, embaraça-nos, meus senhores. vamos nós de coração nas mãos, tontas, atrasadas para o bendito trabalho e em vez de uma musiquinha louca, uma diatribe cómica, uns parodiantes de Lisboa, (valha-nos o Portugalex), temos de ouvir variações infinitas do mesmo.agora não há nada a fazer, não batam mais! há quem pense, eu sou uma delas, que ninguém confia nesses políticos de meia tigela que se põem em bicos de pés por umas luzinhas de ribalta. A verdade é que deviam ter previsto o descalabro antes dele nos rebentar as mãos! Façam-nos o obséquio: Mudem ou deixem-nos! Tenho esta maldita impressão que a água correrá do mesmo modo, os job for de boys, as empreitadas, os investimentos e a banca governam, governarão. Os políticos falam.domingo, 17 de outubro de 2010
uma coisinha e uma grandeza, para assinalar a semana

terça-feira, 12 de outubro de 2010
do prazer
domingo, 10 de outubro de 2010
doclisboa
Aí está uma nova edição do doclisboa, (é por estas e por outras que é bom viver perto de Lisboa). Temos "à mão" documentários impressionantes. Alguns exemplos: há dois anos, passou um sobre uma casa em Paris (pós 2ª guerra) onde habitavam famílias de judeus exilados, o seu sentido de comunidade, as trocas, a ajuda, a alegria apesar da pobreza e da difícil situação. Ainda um outro sobre uma comunidade de famílias egípcias no Cairo que habitavam o cemitério e faziam dos túmulos casas de habitação. Chamava-se a Cidade dos mortos. Outro ainda com uma câmara oculta relatava as consultas de um médico de clínica geral numa vilazita de província, as situações que por lá passavam eram no mínimo caricatas, trágicas ou apenas risíveis. É surpreendente o papel do médico em determinados lugares, as suas funções ultrapassavam largamente a prescrição de medicamentos e o dianóstico. Só boas surpresas. Este ano o cartaz é também muito bom. A não perder.sábado, 9 de outubro de 2010
LA PASIÓNSalimos del amor
como de una catástrofe aérea
Habíamos perdido la ropa
los papeles
a mí me faltaba un diente
y a ti la noción del tiempo
Era un año largo como un siglo
o un siglo corto como un día?
Por los muebles
por la casa
despojos rotos:
vasos fotos libros deshojados
Éramos los sobrevivientes
de un derrumbe
de un volcán
de las aguas arrebatadas
y nos despedimos con la vaga sensación
de haber sobrevivido
aunque no sabíamos para qué.
Cristina Peri Rossi
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
prefiro o Joseph ao Philip
Os escritores vivos precisam comer, comem da escrita, são profissionais do ofício.Os direitos de autor de um escritor vivo e famoso são uma barbaridade, os direitos dos escritores mortos há anos, nem por isso, daí as editoras rentabilizarem o investimento feito com a promoção. o marketing. Temos também os prémios e o facto de morrerem novos, como o Bolano e o Larsson. Mas veja-se por exemplo, Roth, Philip Roth. Entrevistas, fotos, reportagens, opiniões, críticas. os "gajos" são como as novelas, a toda a hora,em todo o lado, familiares, mais até que primos, gente de braço dado, grandes escritores acessíveis. É o isco. Neste momento o protagonista é o José Luís Peixoto, não há mais nenhum como ele, confesso, não aguento três linhas daquela escrita a"olhar para o espelho" e a fazer malabarismos. Em cada linha leio:"olhem com'eu sou bom escritor!!" Sorry dizer-te: "Não és, garanto-te que não, mas tens mulher e filhos e quem vive só do ofício, à conta de ter boa pinta, tem de vender senão morre à fome!" Agradece ao teu editor!!O marketing livreiro funciona, pena que seja com os objectos errados.
Porque não podemos comprar o Joseph em vez do Philip? O primeiro nasce 50 anos antes, também judeu, naquele caldo Austro-húngaro da 1ª guerra mundial, jornalista, pobre e bêbado mas fulgurante, não se compreende a dificuldade para comprar um livro seu. "A Marcha de Radetzky", a sua obra-prima, não existe, pura e simplesmente (foi editado no Brasil e está esgotado). Podemos encontrar na Assírio e Alvim " A Lenda do Santo Bebedor" e é de ler. Ficamos com um "piqueno" excerto do Hotel Savoy:
"sou um egoísta", disse eu, "um verdadeiro egoísta". "Isso é uma palavra culta", repreendeu-me Zvonimir. "Todas as palavras cultas são uma vergonha. Em linguagem simples tu não podias dizer um horror desses." p.62
temos na fotografia o Joseph a apanhar o comboio, algures nos anos 30
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
o estado de algumas coisas
Os efeitos da crise, o espectro da recessão, da austeridade e da fragilidade dos empregos, já tem implicações práticas, faz-nos sentir medo, medo de errar porque os erros associados a frases ou acções mais arriscadas que têm o poder de nos fazer sentir vivos, livres e criativos, podem custar-nos caro. exemplo: para poupar dinheiro levo o computador avariado a um centro comercial longe, carrego com ele para o carro em vez de chamar a casa um "mecânico de informática", na precipitação deixo que as chaves se envolvam no computador porque já estou atrasada, efeito: ficam as chaves no porta-bagagem e o carro fechado. Chamo um táxi, para não faltar ao emprego, aviso, quando chego uma colega já ocupou o meu lugar, indiferente ao meu acidente considera que iniciou a aula de substituição e não vai de lá sair. resultado catastrófico: tenho falta, zango-me com a colega e ainda derreto 20 euros no táxi.A crise faz-nos ser agarrados. junkies da prestação funcional, obedientes à norma e vigilantes cegos do nosso percurso e interesse.Não é bonito, não senhora, mais ainda; torna-se perigoso porque nos torna cães uns para os outros e facilmente manipuláveis por "superiores", aos olhos dos quais, independentemente do valor do que fazemos e do que somos, queremos estar bem vistos. Esta tendência, só por si, sem daí retirar as devidas consequências, (óbvias para quem pense em regimes totalitaristas) é responsável pelo esmagamento das liberdades individuais.domingo, 3 de outubro de 2010
coisas da vida
Surpreende-me a dificuldade (eufemismo de incapacidade) que muito boa gente tem de confessar um fracasso, assumir uma derrota, um desaire, uma impotência, seja ela qual for, é tudo gente excelente e com excelentes resultados, como uma voz colectiva que fala por todos e com eco repetido, num mundo de heróis, como dizia o Pessoa: "não conheço ninguém que tenha levado porrada", "os meus conhecidos são campeões em tudo" e eu, eu "tantas vezes vil " "irrespondivelmente parasita", "indesculpavelmente sujo". Estas palavras no poeta que transcendeu a vil matéria anónima, transformam a vileza mais mesquinha em sublime consciência, mas numa tipa com gravidade q.b, olheirenta e normal, quero dizer, sem traço distintivo ou aparência fulminante, é só queixa, e todos fugimos das queixas como do vírus da gripe, esforçamo-nos muito por ser gente bem sucedida e com um sorriso na cara. o resto é restolho, coisa cinza que embaraça e corrói. percebe-se então o corrupio a psiquiatras, psicólogos e outras sumidades nos tratamentos das almas adoentadas, (nós por cá temos muitas), é que toda a gente secretamente e só ao abrigo de um contrato confessional rigoroso, deseja desmanchar-se e dizer toda a verdade que lhe entope a garganta, sim, fui enganada, sim enganei-me, sim fiz um erro grosseiro, sim gozaram comigo, sim, ignoraram-me, sim não faço a mínima do que se passa mas estou triste e pesada e um farrapo e....ai se eu tivesse uns dinheiritos a mais... enterrava-o todinho no divã de um psicanalista, e ficava por lá, há tanta coisa por resolver, tanta para falar, mas não me posso dar ao luxo, ou ao vício, não sei bem, se os dois se um deles, porque das duas uma: ou estas queixas e desabafos vão saindo para alguém, ou viram letra de música e faz-se poesia, ou então se não nos calhou nem pinga de talento, o melhor é começar a juntar dinheiro para as consultas senão desabamos a chorar só porque o semáforo virou vermelho, justamente no momento em que íamos a passar. quarta-feira, 29 de setembro de 2010
outra banda
não sei como é o mundo, não sei tal como ele é, não adianta reconhecer os rumores e afastar-me das listas de palavras que perdem a magia, procurar as que ressuscitam as pedras, as que nunca ouvimos porque não se dizem. não há ouvidos ou cansaram, desbotaram, também não sei como vim aqui parar, há a estranheza dos números no mundo pequenino, 24.000 milhões. déficit. salário. recordo o autocarro que me levava às 6 horas da manhã de Benfica para o barco do Barreiro, o sol nascente reflectido nas torres das Amoreiras, discutíamos se eram belas ou inúteis as torres das Amoreiras, enternecia-me a lancheira dos operários que se sentavam ao meu lado no autocarro. o salário existia, a crise era um rancho de pássaros. era. não acredito que essa qualquer coisa que neste momento ganha, possa ganhar de facto. essa qualquer coisa que insiste em cair. essa que fala sem se calar. tenho saudade de um barco, da proa de um barco fendendo as ondas, acredito na boa vontade.é pueril. sei. as virtudes não se apagam pela opacidade do presente, no esgravatar oficioso, somos todos operários.ponto. não somos funcionários.terça-feira, 28 de setembro de 2010
a gaivota, ou quem não se tornou, pelo menos uma vez, repetitivo?
domingo, 26 de setembro de 2010
a gaivota, again
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
para interromper o amor
De um modo geral não gosto dessa escrita "light" do pessoal da madeixa ao vento, com montes no alentejo, jeeps, uma bolanda constante de amores cama e sexo bom mau e assim-assim. faz-me lembrar a continuação das músicas do Tony Carreira, há só "mins" e "tis", nada que faça eriçar os pêlos dos braços, coisa cool essa de escrever livros desabridos- não gosto da moda, não é nada pessoal como agora se diz muito, (quando em geral quase tudo se passa entre as pessoas e mais nada). mas este livro... folheei-o numa livraria do centro comercial na pausa do almoço, comprei-o por causa de uma passagem e devorei-o até ao fim da tarde, (este tempo abençoado de poder ler livros de fio a pavio entre o remoínho das ondas), então..."sabes como são as coisas, as pessoas podem envolver-se por causa de uma fatalidade, uma frase, uma perdição, um copo que toca no outro, uma luz muito azul,insectos que voam na varanda."A voracidade, das relações e também a consciência lúcida do encantamento como o vôo das borboletas, efémero mas trágico: " Se tens vontade, se tens o quê, se tens medo, se já sentiste tanto por alguém, se sabes o que queres, como queres, onde queres, se achas que vais sobreviver bem, se achas que estás capaz de morrer porque se morre sempre, se vais comer-me com os olhos, os teus olhos nos meus olhos,se vai ser tudo finalmente,se vai ser tudo de repente, se vai ser tudo com calma, se vai ser. Se me adoras, se te faço rir, se te faço gozar, se me queres, quanto queres, se sou o que tu queres agora. Eu e mais ninguém.Na tua cabeça, na tua boca,nas tuas mãos..." talvez porque é uma mulher a falar do amor com outra mulher e talvez isso, só por si, seja terrivelmente sedutor. É forçosa a criação de uma outra linguagem porque a velha não lida bem com este tema. Havia um escritor (hei-de lembrar-me de quem) reclamando que entre mulheres a narrativa não era possível porque elas entopiam a narrativa, este é um caso para testar essa orquestra que foi fantasma e ganha corpo.segunda-feira, 20 de setembro de 2010
sábado, 18 de setembro de 2010
os lugares naturais
Os lugares. O que faz com que alguns sejam irreconhecíveis enquanto outros poderiam ser qualquer lugar? a natureza é a mesma, mudam os costumes dos homens, as suas filosofias e mercadorias. de onde são as imagens?, as árvores, os relvados, são de nenhum e de todos os lugares, mas há cidades que se apartam deles. Poderia ser a primeira imagem de Lisboa? acho que não. porquê? Lisboa não tem lugares naturais, os que há são dentro das casas, com vidros e pertencem a alguém, estão cercados e não é reconfortante, não, quanto à generosidade da natureza é outra coisa, tem sininhos e respira connosco, um grande suspiro (hoje sinto-me edificante, construtiva, socialista! mas habitualmente sinto-me deprimida, preocupada, anarquista, acho que isso é natural)
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
prendam os tipos e acabe-se a chinfrineira
1. Lançam os pedófilos apelo à praça pública para se defenderem quando tiveram 5 anos em tribunal com os melhores advogados para o fazer. Que quer isto dizer? que a justiça pública é mais justa? se os largassem sem escolta e sem medo das penalizações alguém lhes limparia o cebo.É por causa da justiça que temos que estão vivos e bem de saúde. Mas estamos todos fartinhos dessa escória, sobretudo do Sr Carlos Cruz.Para além de culpado de um crime provado, em vez de preso como seria de justiça, não,o Senhor ainda goza com o estado de direito e a TV dá-lhe cobertura. Lança a suspeita, todos somos suspeitos, e se fosses enfiar esse argumento no sítio onde....cala-te boca!The show must go on! Tenham vergonha! Ó Fátima, tu vai mas é regar as plantas lá de casa e ajeitar o naperon!!
2. O Marinho Peres devia ser internato num hospital destinado aos que sofrem de diarreia mental. Serve bem a causa dos advogados...serve tudo para ter protagonismo, não sabe nada do processo mas acha coisas, acha (como quem vai à praia apanhar sol e na areia, por acaso, acha um berlinde) entretanto crescem-lhe as unhas dos pés e aparece garboso na TV. Internado e sem pensão de alimentos!
3. Os tribunais com tanta confusão tremem das cruzes, é muita gente a gritar ao mesmo tempo, interne-se a televisão e os jornais tenham aulas de ética. liberdade não quer dizer que vale tudo e todas as opiniões se equivalem. ou se é assim, ponham lá a ucraniana da fachina como bastonária da ordem e promovam a juíz o Cristiano Ronaldo. (estava a pensar que talvez o Luisão, defesa e coisa e tal...)
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
quinta-feira, 29 de julho de 2010
domingo, 25 de julho de 2010
um blogue é uma espécie de diário com novos meios técnicos de suporte e divulgação. a qualidade do que escrevemos e as escolhas que fazemos não são independentes do meio. a verdade é que podemos escrever um diário para milhares de pessoas (em potência) ler, isso não nos afecta porque de facto escrevemos para alguém, alguém mais imaginado que real, alguém no limbo da nossa misteriosa vontade.contrariando um pouco a essência dos diários adolescentes de serem tão íntimos, tão íntimos que ninguém, nem a melhor amiga, poderia descobrir. quando se escreve um diário da nossa pequenina vida para (em potência) milhares de pessoas, ou de facto para alguém, não podemos fugir a uma certa pose, a uma certa imagem do que se deve, pode ou não deve ou não pode escrever. de um modo prático damo-nos à censura. mas a censura é tão pessoal, revela-nos tanto como os textos que escrevemos para nós próprios. talvez haja uma pinta egocêntrica mas não é determinante, determinante será a vontade de comunicar, de dizer, de contar, de prender por palavras a voracidade do tempo dando-lhe um certo sentido, uma certa ordem, esperando talvez uma revelação, uma revelação que as palavras em cifra, acumuladas ao sabor dos dias por teimosa permanência, nos permita encontrar.segunda-feira, 19 de julho de 2010
As sombras na luz da manhã, linhas expectantes, o marulhar ainda muito solitário do mar, a neblina da noite, relutante, abrindo no azul do céu manchas de distância, mitos de ilhas perdidas bailando na nesga ainda adormecida dos olhos, o cerco das coisas sentidas, as pontas da rocha, os passos virgens, a súbita generosidade do mar, novo, mais uma vez, as algas abrindo caminho à força nas narinas, a sede, da manhã, a sede que tudo possa ser gravado, que nada se desperdice.quarta-feira, 14 de julho de 2010
domingo, 11 de julho de 2010
a rapariga abordou-nos à mesa, a meio das sardinhas. continuámos a comer. mostrou uns saquinhos com uns artefactos, colares e pulseiras, e percebi logo mesmo sem lhe ver a cara, talvez pelo tom de voz, que era a Teresa. Os colares que vendia eram toscos, mas avancei temerária para o primeiro, antes que ela me reconhecesse, queria despachar aquele mal estar. A Teresa abandonou o 10º Ano quando ficou grávida, foi sempre maltratada pelos colegas porque era fala barato e mentia muito, inventava. a vida dela não tinha sido fácil mas vè-la assim, quase a mendigar, com trinta anos, custou. tive medo que me reconhecesse, da última vez tinha inventado uma história qualquer de um emprego bem pago na TAP, e agora teria de admitir que era treta. mendigar a estranhos não faz mossa mas a gente conhecida é humilhante, acho eu, se calhar não é. Bom, a tarde de sábado. quinta-feira, 8 de julho de 2010

Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
segunda-feira, 5 de julho de 2010
tudo o que é sólido: o mármore, o granito, as linhas verticais. tudo o que é fluído: as disposições, os sentimentos, as convicções, o tempo desgasta e anima. tem assim, o tempo, duas tarefas para diminuir as diferenças: tornar o sólido, fluido e o fluido, irremediável. ao almoço, domingo, no centro comercial, um ensurdecedor ruído de fundo, dois velhotes comem sem dizer nada. ele, cabelo ralo, colado com brilhantina ou suor, vermelho, ela míope com os seus braços largos, flácidos, sobre a mesa, leva o garfo à boca. ele acaba um arroz de marisco aguado, levanta-se e vai embora. ela fica a olhar em frente, a maleta a tiracolo "se ficarmos em casa estamos sozinhos, assim vemos gente" diz, ansiosa por conversa. "ele faz sempre isto" "levanta-se e vai para casa, daqui a um bocado volta para me vir buscar" "para que casei eu? estou tão sozinha como quando era solteira!" Ao fim da tarde, no meio da avenida, dois jovens abraçam-se e beijam-se furiosamente. entre eles há apenas os anos, só o tempo, nada de sólido.sexta-feira, 2 de julho de 2010

quarta-feira, 30 de junho de 2010
Ana Carolina no festival Delta Tejo
É no Sábado, a não perder."Pegue o vestido estampado, guarde para um carnaval" bem, adoro este tema...
domingo, 27 de junho de 2010
Rapunzel
Comecei um atelier de escrita criativa e ilustração a meias com uma colega de artes. Planeámos uma viagem pelas histórias tradicionais e na passada quinta feira foi a vez da Rapunzel, como todas estas histórias cuja origem é provavelmente oral, as versões são diferentes umas das outras mas há certos acontecimentos que se mantêm e, pela sua persistência podemos inferir que são mesmo os traços essenciais da história. Em todos as versões se mantém o modo como Rapunzel vai parar às mãos da Bruxa. Tudo começa com a esterilidade dos pais da futura Rapunzel, anseiam muito um filho, até que um dia por milagre isso acontece, mas em vez de ficarem sossegados e felizes, a futura mãe deseja desmesuradamente as alfaces, espinafres ou raponzos (consoante a versão)do quintal do lado. À beira da morte por inanição consegue comover o marido que salta o muro durante a noite e rouba os ditos legumes. Mas a mulher não fica satisfeita,a obsessão é cada vez maior e o crime do futuro pai irá continuar, até ser apanhado pela bruxa, proprietária do quintal. Incapaz de lhe dar um murro ou de negociar, aceita as suas condições e dá-lhe a filha recém-nascida em troca das alfaces roubadas.A facilidade com que cede às exigências da bruxa sem se bater, são inexplicáveis. Passemos à frente, anos mais tarde Rapunzel, encarcerada numa torre, infeliz e solitária, encontra um princípe, e parte com ele (em muitas versões fica imediatamente grávida quando o conhece...) é então proposto ao grupo que, a partir da frase :E RAPUNZEL GANHOU ASAS continue a história e oh espanto! quais as versões propostas?Pois são as seguintes: Rapunzel tinha os filhos, enlaçava-os juntamente com o marido, na sua longa trança (ficando com um peso brutal) e ia à procura dos pais para lhes perdoar. Dos pais que a tinham trocado por um punhado de alfaces ou espinafres, legumes enfim. Surpreendeu-me esta resposta, tinha outra expectativa, contava com mais ousadia por parte dos adolescentes. Uma loucurazita, não?quinta-feira, 24 de junho de 2010
domingo, 20 de junho de 2010
SARAMAGO
Morreu José Saramago, morreu o homem mas a sua obra agora talvez seja apreciada de outro modo. A obra de um escritor, os livros escritos e por nós lidos, ganham mais autonomia depois da morte do seu autor, apreciarei melhor a sua obra depois da sua morte, sinto já que relê-lo é o meu tributo ao escritor que admirava pela coragem e pela lucidez. A familiaridade com um autor que, de algum modo, é um amigo, como nós, capaz das maiores fragilidades, parvoíces e grandezas, aproxima a escrita de uma certa vulgaridade, retira-lhe a distanciação e a neutralidade necessárias para uma apreciação livre. Um autor engrandecido por prémios e pela divulgação impar da língua portuguesa, pressiona a leitura, distorce-a, talvez ao lê-lo queiramos ver tudo aquilo que o tornou grande,presos de um certo ressentimento face a outros escritores amados que não obtiveram nenhum desses reconhecimentos. Os criadores laureados são, de algum modo, homens do sistema e, como tal, afastados do mito do escritor maldito ou incompreendido, esse pormenor/ garantia da verdadeira obra de arte estar sempre além do seu tempo, a morte do autor reconcilia-nos com a sua obra, afasta o ressentimento associado ao homem. Voltar a ler Saramago sem essa pressão é libertador e obrigatório.quinta-feira, 17 de junho de 2010
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Alfama
Alfama aprumou-se, das casas velhas a cair, das ruas sujas a cheirar a peixe e das tascas sombrias há apenas a lembrança. pintam-se as casas para o turista, as tascas viram restaurantes com esplanada e até se aprende umas coisitas de inglês. como o turista ama o pitoresco, um dia destes, em prol da causa, recriam-se as ruas nos anos 50 com varinas de canasta à cabeça, pregões, vizinhas a discutir de janela a janela, fado ao desafio pela noite fora. Compreende-se o saudosismo, as cidades estão cada vez mais impessoais, Hi-tech, marasmo de vidro e mobliário clean, gente a passar cheia de pressa. Se houvesse um beco parado no tempo onde pudessemos ver carvoarias e homens sentados num banquinho a jogar às cartas, melhor, para apaziguar a consciência, afinal ainda há gente, pensaríamos, e tudo voltaria à normalidade. O saudosismo responde ao medo do desconhecido, não sabemos como irá ser, agora que tudo se modificou, ansiamos pelo que foi, aí sim estaríamos seguros. Os portugueses dão-se bem com este sentimento, a saudade, há quem diga que inventámos a palavra, não me lembro de saudade em francês, ou mesmo a "soledad" espanhola, não tem o mesmo significado. domingo, 13 de junho de 2010
mostrar o corpo
talvez seja "bota de elástico" (onde terá vindo o raio desta expressão idiomática? ) mas esta moda modernaça de mostrar o corpinho mais as partes íntimas a toda a toda a hora e em qualquer situação causa-me uma certa náusea, aquela de que falava o Sartre, quando sentado no café, com uma bica caneta e papel, imagino, se punha a olhar em volta e via a opacidade das vestes e das expressões. diria que se vivesse no Brasil, talvez não lhe desse para escrever sobre essa espécie de tédio antecipado que deriva da súbita emergência de uma falta de sentido, talvez que para os países quentes faça sentido esse despe despe já com umas tantas bejecas e caipiras, uma boa música uma disposição para seguir embriagado em desejos, mas aqui no país de Viriato, não sei, não cola bem, parece exibição de boneco de feira, tipo olha para mim, que despudorado sou, que me estou lixando pra roupa, é uma montra de vaidades de ginásio ou de banhas de hamburguer ,coca cola e tardes mornas entre canais Zon a ver os Losts deste e doutro mundo. temos uma rigidez de costumes, ou se quiserem, uma tradição que não se dá bem com isto de andar a mostrar o rego do rabo, ou o tronco nu, no restaurante ou nas aulas ou no centro comercial, seja onde for. serei "bota de elástico" mas gosto de decoro, de um certo pudor, o pudor é infinitamente mais erótico que a barriga ao léu. dirão que o pudor é um sentimento íntimo que nada tem a ver com a forma como vestimos e concordarei, se nos vestirmos, claro, continuarei no entanto a pensar que o corpo é a nossa intimidade, expô-lo demasiado é fazer da intimidade um "out door" com luzinhas a acender e a apagar.fica tudo no mesmo plano, há só o corpo na sua imediatez, para ser visto, sem que o olhar, possa seguir desocultando-o, entrevendo ou imaginando, quando tudo se dá ao olhar, ficamos cegos, cansados de ver.há uma certa confusão modernaça entre a exaltação do corpo e a libertação sexual, a sexualidade é da intimidade ou do privado, a exaltação do corpo é público, confundi-los molesta as duas esferas, enfraquece-as ou mesmo nadifica-as, tira a graça toda, o mistério de haver corpos por dentro de coisas que os protegem, roupas.quinta-feira, 10 de junho de 2010
Li um livro há dois anos da Fred Vargas que se chamava: “Vai e não voltes tão depressa” lá surgia um pregoeiro que tinha uma rubrica nos pregões, essa rubrica era um “obviário”. Adorei o livro, a palavra era soberba, decidi-me a pô-la em qualquer lado e foi no blogue. Criei-o pela escrita, para trocar impressões e para ser impelida a escrever.
2. Em que data exacta iniciou o blogue?
Em Novembro de 2008.
3. Nomeie 5 seguidores leais.
isto é complicado, vou nomear mais de cinco, por lealdade, e porque sim.
JPD
Distopia
Mixtu
À conversa
Ardósia azul
O corpo estremece de saudade
Catharsis
Alma gémea
Se quiserem aceitar o desafio, por favor, sejam meus convidados, estou curiosa.






