Se
existem Primaveras que se desvendem agora
Abram-se
os sexos escondidos aos cantos
Respira-se
o calor louco dos corpos a roçarem-se
O
suor seco da irmã de caridade
Teimosamente
virgem
Teimosamente
virgem e fria
Crente
Creio
em ti madrugada quente de estrelas
Creio
no teu mel tristemente amargo
Creio
naquele desespero deixado a uma esquina
Na
chuva daquela tarde semeada
A
tremer subindo por mim adentro.
Creio
No
sabor simples e frágil dos teus lábios
Na
tua doce decisão
No
fresco balanço dos teus cabelos.
Creio enfim
nestes últimos pedaços de calma
nestes últimos pedaços de calma
Os
últimos, os mais suaves
Os
que tranquilos me deixam
Afastada
da tua imagem.