quinta-feira, 12 de setembro de 2019


Se existem Primaveras que se desvendem agora
Abram-se os sexos escondidos aos cantos
Respira-se o calor louco dos corpos a roçarem-se
O suor seco da irmã de caridade
Teimosamente virgem
Teimosamente virgem e fria
Crente
Creio em ti madrugada quente de estrelas
Creio no teu mel tristemente amargo
Creio naquele desespero deixado a uma esquina
Na chuva daquela tarde semeada
A tremer subindo por mim adentro.
Creio
No sabor simples e frágil dos teus lábios
Na tua doce decisão
No fresco balanço dos teus cabelos.
Creio enfim
nestes últimos pedaços de calma
Os últimos, os mais suaves
Os que tranquilos me deixam
Afastada da tua imagem.

sábado, 7 de setembro de 2019

O verdadeiro campo e matéria  de impostura são as coisas desconhecidas. Apesar de num primeiro contacto a esquisitisse por si ser digna de crédito; como diz Platão  é melhor falar da natureza dos Deuses que da natureza dos homens , porque a ignorância do publico possibilita uma bela e vasta carreira, e toda a liberdade sobre uma matéria escondida.

Daqui se segue que nada é mais susceptível de ser matéria de crença  que o que conhecemos menos , nem pessoas mais seguras do que aquelas que nos contam fábulas, como alquimistas, videntes, quiromantes,médicos etc. Aos quais acrescentarei, interpretes e controladores ordinários dos desejos divinos, fazendo fé em encontrar a causa de cada acidente e em ver nos segredos da vontade divina, os motivos incompreensíveis das suas obras; e apesar da discordância sistemática dos acontecimentos os rejeitar de uma ponta à outra.