quinta-feira, 12 de setembro de 2019


Se existem Primaveras que se desvendem agora
Abram-se os sexos escondidos aos cantos
Respira-se o calor louco dos corpos a roçarem-se
O suor seco da irmã de caridade
Teimosamente virgem
Teimosamente virgem e fria
Crente
Creio em ti madrugada quente de estrelas
Creio no teu mel tristemente amargo
Creio naquele desespero deixado a uma esquina
Na chuva daquela tarde semeada
A tremer subindo por mim adentro.
Creio
No sabor simples e frágil dos teus lábios
Na tua doce decisão
No fresco balanço dos teus cabelos.
Creio enfim
nestes últimos pedaços de calma
Os últimos, os mais suaves
Os que tranquilos me deixam
Afastada da tua imagem.

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