Acho que não tenho mais nada para dizer
secou-se o veio
vejo passar os rapazes
com os sacos de plástico
a minha amante toma
banho sem usar amaciador
e nos pinheiros bate
um vento leve
ao meu lado num outro
mundo vislumbrado
a vozearia dos
cavalitos de pau
e uma promessa de
solidão
absoluta e inexorável
estende-se sobre as
minhas pálpebras
deposita-se no tampo
liso da mesa
onde alinho as
palavras boas
as palavras que me
salvam,
se a minha jovem
amante não cantarola no duche
porque a convivência
comigo a fez pesada e inerte como eu
pesada e inerte
como as palavras malquistas
só a cacimba de uma
suspeita
pode dar por mim os
passos
até ao lago que tu
deixaste aos pés
de sabão e dedos
grandes
a boiar
e correndo o risco de
me encharcar
me abrigue sobre o teu
duche
segrede ao ouvido
amo-te
e o trinco da porta
com o peso
abrir-se-á
e cairemos abraçadas
sobre o tapete felpudo
da entrada.
2 comentários:
gosto muito :)
cs. thanks
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