segunda-feira, 1 de abril de 2013

Páscoa

 
Esta Páscoa voltei de novo a sentir o fascínio do Cristianismo. Na figura do Cristo, na figura do novo Papa, posso projectar uma pureza de sentimento ou bondade que admito não existir de forma contínua e personificada mas que existe certamente como estado desejável o que, só por si,  constitui um bálsamo para o relativismo pragmático do mundo em que vivemos. É-me difícil acreditar sem dúvidas. Reconheço sempre em cada um dos episódios que possamos isolar duas visões opostas. Não sei se haverá uma verdade religiosa fora da vontade de a aceitar enquanto tal, isto é, independente da fé. Penso que não, mas o coração aproxima-me deste Cristo enfraquecido e misericordioso, desta visão universalista do ser humano como igual no sofrimento e na alegria, apaziguada na esperança. Repudio contudo, no Cristianismo o fanatismo evangelizador que mumifica a verdade numa revelação dada a alguns, permitindo-lhes, por isso, julgarem os outros e criando deste modo uma divisão profunda  responsável por toda uma série de violências e incompreensões;  exactamente o contrário do universalismo essencial da religião primitiva como ligação de todos num mesmo pacto onde ninguém pode ser excluído. Neste sentido, o gesto do Papa ao lavar os pés das gentes de outros credos religiosos assegura-nos que estes princípios não foram esquecidos.

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