Infelizmente a minha velha máquina traiu-me bloqueando a passagem do rolo de película e, julgando ter 24 fotografias, acabei sem uma única imagem das muitas que captei por aqui. A estrada de pó que resolvemos seguir até ao fim desembocava numa tira finíssima de areia e num lupanar infindável de xistos e ardósias. Pensava conhecer bem o Algarve mas este recanto entre a praia da Amoreira a Sul e a praia de Vale dos Homens a Norte era uma placa de sinalização na estrada, apenas. É certo que, na generalidade, todas as praias se assemelham, mar, areia, dunas ou rochas em proporções variáveis, a maravilha da singularidade, reside um pouco naquilo que valorizamos em certos momentos, a temperatura e estado do mar, o recorte artístico da rocha, o ambiente humano, o espaço largo ou apertado do areal, os acessos ou a fauna marítima de peixes ou moluscos. Gosto de me entreter nas poças formadas pelas rochas à procura de caranguejos ou lapas, daquela sensação de despertar da vida marítima em estado virgem, esses espaços ainda existem mas os seus acessos são para alpinistas bem preparados ou então arriscamos descer mas ficamos a meio, entre o desfrute, o desafio e o medo, o último ganha e voltamos para trás. Esta praia ainda era acessível ao meu estado físico francamente decadente, agradeço-lhe isso, descobri novas sensações na descida e uma quantidade de pedras e pedrinhas surpreendentes. Poderia chamar-lhe a praia das pedras redondas, ovais, das pedras com formatos bizarros, das pedras antigas e intocáveis, das pedras que surripiamos à generosa natureza para não mais esquecermos que, por momentos, habitámos aquele lugar sem nunca (aqui nunca está a mais de óbvio) o podermos conquistar.
Foto retirada daqui
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