como as praias, os bares são testemunhas da passagem do tempo, a vertente Saturno a funcionar para quem vive por fora do tempo no pensamento e no tempo pelo corpo tem uma tendência obsessiva de marcar a linha sinuosa do antes e do depois, precisa de elaborar um cardápio de lugares onde possa fazer o jogo da Glória pra vida. casa 1, casa 2, cada uma como uma imagem e uma sensação particular inscreve-se poderosa na lembrança para poder parar o tempo ou para o compreender nos fotogramas dos momentos, nas pequenas fronteiras bem delimitadas de espaço tempo. Agora, Abril, o bar Paródia. As margaritas, o cinzeiro do Bordalo Pinheiro cheio de pontas de cigarros até ao filtro e o timbre abafado das vozes, das que se movem como arabescos no éter, das que se deixam apanhar amorosas, na teia dos desejos. Os bares, como as praias, ritualizam-me, amedrontam na sua exigência de cenários perfeitos mas vem deles ou de nós também, o fluir da dolorosa e fina mancha de prazer perdida e retomada não sei bem se no gosto de desmanchar palavras, se no ponto de descobrir formas, de as imaginar entre o quartzo meio negligente da luz.
2 comentários:
Mesmo ao lado da minha antiga casa.
Que saudades tive agora, do sol, de um dia de praia, de um último copo antes de ir para casa.
um beijinho
S: Por onde andas tu que tens saudades de Sol?
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