Este momento em que estou
sentada na cadeira de verga
do café Firmino
além prédios e por cima de tudo
a dor de estar aqui
a negação de estar
a vontade de outra coisa
que existe como vontade
de outra coisa
sem verbo ou propósito
senão atirar para debaixo de uma ponte sombria
de colchões sujos
a primeira frase
esta que agora escrevo
antecipando-me ao teu gesticular nevoento.
Quem és tu?
sou incapaz de te identificar
há lagos para passar
pontes destruídas
Quem és tu? Que me sobras
de ser reles medíocre imediatamente inútil.
Ao ouvido sussurras-me, Alioska
e dentro dos irmãos Karamazov
sorrio
não passa de hoje a ida ao psiquiatra
estas lentas deambulações
sobrecarregam a memória de microscópicos vírus
de embaciadas figurinhas atónitas.
Basta-me! Basta-me tu!
a noite
os semáforos do porto
a simetria arrojada das coisas colocadas
por cima e por baixo
por onde passo firmada no meu calcanhar aéreo
Tu bastas-me.
Por não te consumires perdida na existência
por seres essa emoção.
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