esqueço-me
que estamos em Maio, e eu adoro Maio, esqueço-me do que gosto de adorar sem
razão nenhuma, mas tenho muitas razões para me esquecer, nenhuma por si
importante mas todas juntas obra apreciável.papéis e putos. putos e papéis.é
certo que tenho as noites e as luas incandescentes, essas coisas sem dono facilmente as faço minhas. é do meu feitio.as
outras, algumas têm muitos donos, outras maus donos e muitas são de não terem
dono, nem o quererem aceitar, pensam, mas eu penso diferente, têm pouco espaço,
são muito apertadinhas nos seus objectos desejáveis e como não faço parte deles
não posso tomar nada, bebo umas bejecas e leio livros, muitos livros que não
são papéis e estão seguros por fios de ouro ao coração largo do desejo. às
vezes passeio no mar, mas maio não me viu passar, acordei tarde talvez já o mar
tinha deitado a língua de fora. mesmo assim avistei gaivotas de arribação sobre
os muros de pedra da escola e abri o jornal em cima da mesa do café para o
voltar a fechar invadida pelo desconforto de não poder negar que essas vidas
sem dono algumas de perdidas também são minhas e os dias solitários partem
sobre as casas, os tordos e o vento para voltarem de novo, a verdade é que
apesar do esforço, apesar de querer, a esses não os consigo apanhar.
3 comentários:
este ano tudo nos empurra para baixo; parece um eterno outono.
É natural, já lá vai o Maio e nem demos por ele :(
cs: agora já melhorou, o sol parece vir para ficar, mas o resto ficou igual.
Pois, o resto!
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