Há unanimidade crítica em relação ao Herberto
Helder. Os seus livros esgotam antes de saírem para as livrarias, obras raras
valiosíssimas pois o poeta exige escassez editorial, uma selecção dos eleitos,
poucos iluminados terão a hipótese de ler o mestre, só mesmo os mais atentos .
A imagem, não duvido que corresponda a um anseio legítimo e sentido, foi
meticulosamente tecida pelos meios de comunicação social, que Herberto odeia, e
que adoram o seu mistério, a sua invisibilidade física como a de um deus, que
não está em parte alguma e está em todo o lado, como um acutilante espírito nas
insondáveis atmosferas longínquas do génio retido pela infame banalização do
artista, alheio aos prémios do vil metal, enfim...tenho nas mãos "Ofício
cantante" alguma da poesia reunida, não ouço cantar as entranhas, nem o
coração, estes poemas não me tocam, não sinto por nenhum deles um arrepiozinho
fino e inquietante, como sinto por alguns versos do AlBerto ou do Carlos
Oliveira ou do Pessoa, ou do O'Neill, do Yets, da Dickinson ou da Peri Rossi,
só para enumerar alguns dos meus poetas de eleição. Não vejo como se pode
considerar um grande poeta se não sentirmos por ele essa paixão. Não vejo
como.Outros o sentirão, presumo, quantos farão a diferença?
10 comentários:
gosto tanto dele. Acho mesmo que é dos últimos portugueses que usou pensar. A sua escassez literárias não acredito que seja uma compaginaçao entre o marketing e uma editora ávida de enriquecer com Helder. Se assim fosse o número de exemplares não era tão escasso.
"OS passoS em volta" de Helder , já velhinho (comprado em 1985) no tempo e no uso e que redescobri nos meus caixotes faz pouco tempo, fazem-me sempre bem.
Eu, por acaso, gosto de Helder, como de Ruy Belo e de todos os que referiu.
Não acha este texto uma pérola? http://5sentidos-cs.blogspot.pt/2011/08/um-livro-de-1963.html
ousou*
E crepitam-me as pontas dos dedos ao supor-te no escuro.
Queimavas-me junto às unhas.
E a queimadura subia por antebraço, braço,
ao coração sacudido. Eu - perfumado
e queimado por dentro: um laço feito de odor
transposto, ar fosforescendo, uma árvore
banhada
nocturnamente. Tudo em mim trazido
súbito
para o meio.
Herberto Helder
Eu sou dos que gostam :)
cs: Não consegui ver nada no endereço que colocaste.os passos em volta há quantos anos...
Magnólia, esse é magnífico, bem escolhido, vocês fazem-me ponderar e quiça mudar de opinião.
http://5sentidos-cs.blogspot.pt/2011/08/um-livro-de-1963-que-eu-so-li-agora.html
Assim penso que dá .
Tenho a mania de colocar a data nos livros quando os compro. Tenho esta livro desde 1985. Faz uns 3 anos reli.o e que bem que me soube.
Vou levar este poema para o fb.
Como a cs também gosto muito. Julgo que não foi um amor imediato, aprendi a gostar aos poucos. Os passos em volta foi também o primeiro livro dele que adquiri.
Via
vou aproveitar a sua cx de comentários para felicitar a Magnólia pelo "Primeiramente". Por lá não existe cx de comentários, nem precisa, naturalemente. Que comentário fazer quando as fusões são perfeitas.
Gosto muito. Parabéns.
Desculpe o abuso Via :)
s: Gostei quando o li mas agora nem por isso, mas já percebi que estou em minoria,mas...logo se vê...
cs: ´também bato palmas entusiásticas à Primareiramente e ao poema que me enviou, estou quase a render-me ao herberto.
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