quarta-feira, 3 de julho de 2013

Agatha

Uma tirada engraçada de um policial que estou a ler: " A maioria das pessoas bem-sucedidas é infeliz". Quem o diz é uma das personagens mais amadas da Agatha Christie o rapaz secreto e vagabundo cujo talento para apreciar mulheres e aventuras é uma garantia da experiência necessária para julgar  pessoas. A vozinha da autora travestida em sedutor bronzeado e com princípios. A opinião não é inocente e traz agarrada a mais agradável das razões: as pessoas de sucesso estão demasiado preocupadas em provar a si próprias que são boas e  não têm tempo para ser o que são, isto é, subentende-se, serem como ele, vocacionadas para o prazer e  para a descoberta. Uma espécie de vingançazinha encapotada em lei da justa medida. A rapariga a quem a frase é dirigida padece de ofuscação, urge tirar-lhe a poeira  dos olhos, ele Anthony (assim se chama a personagem) não tem sucesso, cabe-lhe portanto, o precioso resto. Assim colhe-se facilmente a simpatia de todos em qualquer parte do mundo. Porque esta filosofia corresponde na perfeição aos arquétipos mastigados pela humana estirpe e que se resumem ao ditado popular "Não há bela sem senão".

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