Uma tirada engraçada de
um policial que estou a ler: " A maioria das pessoas bem-sucedidas é infeliz". Quem o diz é uma das personagens mais amadas da Agatha Christie
o rapaz secreto e vagabundo cujo talento para apreciar mulheres e aventuras é
uma garantia da experiência
necessária para julgar pessoas. A vozinha da autora
travestida em sedutor bronzeado e com princípios. A opinião não é inocente e
traz agarrada a mais agradável das razões: as pessoas de sucesso estão
demasiado preocupadas em provar a si próprias que são boas e não têm
tempo para ser o que são, isto é, subentende-se, serem como ele, vocacionadas
para o prazer e para a descoberta. Uma espécie de vingançazinha
encapotada em lei da justa medida. A rapariga a quem a frase é dirigida padece de ofuscação, urge tirar-lhe a poeira dos olhos, ele Anthony (assim se chama a personagem) não tem sucesso, cabe-lhe portanto, o precioso
resto. Assim colhe-se facilmente a simpatia de todos em
qualquer parte do mundo. Porque esta filosofia corresponde na perfeição aos arquétipos mastigados
pela humana estirpe e que se resumem ao ditado popular "Não há bela sem
senão".
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