Os alunos
têm péssimas classificações nos exames nacionais de português e, todavia, eles
são fáceis e pobres. veja-se a entrevista de Carlos Vaz Marques a António
Osório (na prova de exame de português de hoje) sobre as emoções vividas que
estão nos antípodas, segundo os dois, das pensadas do Pessoa. vividas e
pensadas. estamos com 12 anos de escolaridade e insistimos num cardápio
indigesto. a literatura por suposta pessoa em entrevista não é literatura mas
texto jornalístico e apesar do poema de Camões ser poesia, pura e dura, (com
glossário para o caso das crianças não saberem o que querem dizer as palavras
mais difíceis) eu pergunto-me hoje, quando se escreve a rodos sobre tudo e mais
um par de botas, porque será que os alunos não podem ser confrontados com os
textos dos autores e daí se desembrulharem, pergunto porque perdeu a literatura
o estatuto de coisa importante e difícil para se tornar num amontoado de
lugares comuns a trazer e a repetir à exaustão? O verbo não é o
princípio e não é ele ainda o fim a julgar pela quantidade de letras
produzidas? porque me irrita a simplificação da literatura e irrita-me esta
coisa da unificação de critérios e da panóplia de cientificidade e coeficientes
de sucesso, quando é cada vez mais gritante o insucesso. A literatura não
é para todos, mas não é esse o problema, o problema é a quem ela serve e
para quê. há um medo da inutilidade como se fosse tudo programado para o
serviçal. serviçal de quem? para quem? Há mais felicidade e desafio no
hermético do que no clarificado da sebenta mastigada por uma série de
serviçais. dê-se voz ao canto, sejamos mais comedidos na produção e idolatre-se
com reverência de poder, esquisito mas poder, a VERDADEIRA literatura que não
serve ninguém e não serve imediatamente para nada
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