terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Professores há muitos!!


Quando somos professores temos uma singela ideia: a de que o verdadeiro professor é um  sábio, um mestre, alguém cujo carisma resulta de saber, da leitura e da vocação para ensinar. Agora, parece ser melhor ajustar esta ideia  ao protótipo vigente. Ai, ai, os tempos mudam,  na net tens tudo o que precisas, logo, esta tua  ideia é estouvada, quimérica, sonho ou parvoíce. A verdade é que já não há tais pessoas, ou a existirem estão sem voz, num imaginário distante, quando  o ensino era coisa de ensinar e aprender e não esta fábrica de massificação de produtos mal alinhavados, simplificados ao ponto em que o conhecimento se torna uma papa de consumo imediato para esquecer. Muito conhecimento é hoje sinal de pés chatos e artroses várias a maior das quais seria a artrose da incapacidade de ver a realidade.
Vem isto a propósito do vazio de dar aulas. Do vazio imenso de dar aulas, por não ter tempo, para investigar, reflectir  e ler muito, ler. Também  ensinar esse gosto. Ler um livro, por exemplo, vários livros, comparar, escolher, propor. O vazio é uma mistura de ninguém querer saber e da propaganda dos bons resultados. A primeira pode ser falsa mas choca de frente com a nadificação de prontuário de uma escola. Não é esse o motor. O motor é o sucesso, ora o sucesso e o saber não são compatíveis. Haveria que dizer isto a alguém.A escola não pode pagar saber, paga escolaridade, escolaridade é sucesso, mesmo sem saber. Como resolver este intricado amontoado de vaguezas? Uma coisa eu sei: há que colocar as pedras para o caminho se fazer. Um outro caminho. Aquilo a que chamamos realidade,o amontoado de ideias feitas para consumo imediato, não presta. Voltar ao lápis da censura, rasurar, reescrever, encetar o esboço do inconformismo.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Sim corvo, sim, nada corvo, nada.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Anna Karenina




1935 e 2012. Separam-nos 77 anos. Uma vida.
Até me ficaria bem concordar com a elegância da Garbo, a sua seriedade, always, o rigor contido da Garbo face ao garbo militar do conde Vronsky mas o décor, o guarda roupa e a música que acompanham esta exuberante versão actual não apagam a elegância e o encanto da primeira mas diminuem-no. Não será negligenciável a sedução pela beleza agir de forma a fazer-nos pressentir como ela é  perigosa,  é um cenário sim, mas que cenário!!aquele por onde corre o drama de não mais a possuir ou de não mais a deixar de querer. Depois há nesta versão um toque de Tolstoi, da sua amada Russia dos valores sagrados, puros e sólidos do mundo camponês face à vertigem do toque suave das sedas e dos veludos, a clivagem entontecedora dos prazeres da cidade onde o ócio propícia vaidades.  Não tomamos Tolstoi como pretexto, ele está sempre presente na dimensão trágica e épica desta paixão. Ai a paixão! Ai o cinema!