quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

na cidade

os meus sentidos captam derrocadas
coisas ausentes tornam contrariadas
troncos em technicolor
arremedam na minha direção
com seus olhos de cachalote pardo de bruto peso
gritam para  abandonar a estrada onde parei
cativa de um pensamento retorcido e esbracejante
medo de ser, de ter esquecido, de não ter pensado
de me trair quase sempre.
modos de circuncisar as minhas ousadias
são-me estranhos e familiares
quando dou passos na cidade, os pássaros digladiam
em ângulos retos com os semáforos são oráculos
os pedaços de betão carcomidos de humidade e risonho
( julgo risonhos) chilreados avisam-me sem tino de um apocalipse eminente.
Assim dou conta de que a vida me expulsa
para o canto das coisas sem serventia,
das que atrapalham.
Comboios a alta velocidade apitam
quando verso a verso descarrila
o não sentido de um organismo lento
numa cesariana às escuras

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Desobediência





Absolutamente. Inesquecível. Finalmente um filme sobre o amor entre mulheres que não é cabotino, nem voyerista nem panfletário. É autêntico, vibrante, imprevisível e ao serviço de uma narrativa poderosa. Tem o seu suporte e a sua força num trabalho de actores excessivo, belo, de uma intensidade emocionante, isto é... CINEMA.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018