sexta-feira, 29 de outubro de 2010

estado de coisas

a minha impressão espúria sobre o irreversível envelhecimento da Europa confirma-se no casal à minha frente. ele de pé envia um MSN, ela, sentada, com a criança ao colo. a criança, meio adormecida, vai engolindo o sumo que a mãe lhe dá e mastigando o hambúrguer devagar. São 10h30 da noite no centro comercial dos subúrbios. No amplo espaço do serviço de restaurantes, há ainda muitas mesas ocupadas apesar de ser um dia de semana, os écrans gigantes debitam a novela da SIC, Laços de sangue. A criança não quer mais hambúrguer e a mãe põe a criança no chão e o lixo no contentor. O casal deve rondar os 30. Ambos com ar estafado e tristonho, parecem estar há muito fora de casa. Daqui a poucas horas terão de estar todos de pé, novamente, não serão muitas as horas de sono. Pergunto-me quem, no seu perfeito juízo, quererá ter filhos nesta situação de trabalho até à medula, sem horário definido, e com o espantalho da competição e do desemprego nos calcanhares? Quem quer ir buscar a criança ao infantário ao começo da noite ou, no melhor dos casos, fim da tarde, depois de saber que ela lá está há oito horas? Quem quer chegar a casa e fazer jantar, loiça e todos os dias o mesmo? Fim de semana, tratar da roupa, fazer compras. Quem quer uma merda de vida destas? Que sentido tem uma sociedade que não deixa espaço para a respiração familiar? Que não cuida do futuro? Depois admiram-se da Europa estar a envelhecer. Só pode.

domingo, 24 de outubro de 2010

word is out



Word is out é um documentário americano de 1978, o primeiro do género, são 26 testemunhos de pessoas que contam a sua experiência da sexualidade homo numa época em que o assunto era escondido como se não existisse. O que ressalta nestes testemunho é a diversidade de experiências e de atitudes face ao facto incontornável de cada um deles descobrir que amava pessoas do seu sexo. Desde os que se organizaram em sociedades secretas em busca de um pouco de apoio, aos que a viveram silenciosamente tentando apagar a pulsão que sentiam e levando a vida normal, casando e tendo filhos, até à impossibilidade de o fazerem sem o sacrifício de si mesmos e dos outros, aos que se sujeitaram a terríveis tratamentos de choque sem qualquer resultado prático. Todos eles falam com um brilho no olhar, como se todo o sofrimento por que passaram não tivesse alterado um milímetro o gosto de estarem vivos, sem ódio, sem ressentimento. As atitudes são díspares mas têm em comum a inteligência e a compreensão de que não pode haver juízos morais face a factos, claros e inequívocos. O modo como essa verdade se inscreve no seu sorriso de aceitação, demonstra a íncrivel vitalidade das suas convicções e das suas personalidades, a força positiva que emana do seu discurso e da sua postura é absolutamente essencial para desmistificar esse mundo que continua a aparecer-nos distorcido pela escandaleira e pelo voyeurismo social e mediático.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

divagações a propósito da Arte

estava a pensar no que será a Boa Literatura, o que serão Bons Escritores. a questão da apreciação da Arte, em geral, passa por uma definição mais ou menos aceite de Arte, tal coisa, contudo, não existe. portanto se não poderemos partir de uma definição universal de Arte, não poderemos ter um padrão comparativo através do qual possamos julgar se tal livro é Arte. Mas será que ser Arte e ser Boa Arte é o mesmo? Arte será um substantivo ou um adjectivo, será o nome dado a certos objectos, com determinadas características, ou será uma qualificação desses objectos? Exemplo. O urinol de Deschamps. é um urinol. mas é Arte porque sendo um urinol não é isso que o define. O que o define é ser um objecto artístico. Uma obra de Lobo Antunes. um livro, é Arte por ser um livro de literatura, convencionalmente considerada uma das Artes. mas será Arte se dentro da literatura for má literatura? Haverá tal coisa de "Más obras de Arte"? Como se o termo Arte encerrasse já uma qualificação que confere ao objecto um certo estatuto, assim, nesta perspectiva o objecto seria qualificado de Arte, não por ser de literatura mas por ser único, autêntico, bom. portanto nem toda a literatura seria Arte, mas somente aquela cuja apreciação, de um grupo de críticos ou do público em geral, assim o determinasse. Isto é Arte. Seria um juízo de valor. Não teria um carácter objectivo, logo, não haveria unanimidade. Um livro do Lobo Antunes poderá ser Arte para alguns, para outros não, porque não o apreciam. Todavia esta conclusão não nos satisfaz, vemos claramente que há certas características objectivas que separam por exemplo uma peça musical de Beethoven, dos discos do Tony Carreira. Que mesmo alguém apreciando muito Tony Carreira e não apreciando Beethoven, não poderá afirmar com legitimidade, ser o primeiro Arte e o segundo não, pela simples razão de que há unanimidade acerca das peças de Beethoven. Aqui estas peças superam os juízos de valor. A 9ªa Sinfonia é Arte. É um juízo de facto. Não merece controvérsia. Poderíamos então conceptualizar as qualidades da 9ª Sinfonia e teríamos um definição universal de Arte. Só que as qualidades que fazem com que determinado objecto seja Arte não são as mesmas de outro. Mas se a questão está parcialmnete resolvida para certas obras, porque não está para todas? Se considerarmos ainda que hoje a Arte que gera unanimidade é má, e que a boa Arte é provocadora do status e gera anti-corpos, então a confusão ainda é maior.
Há o factor tempo aqui a fazer o papel do juíz. Submeta-se a obra ao tempo. Aqui ninguém é juíz em casa alheia. Nem o artista pode saber se vai sobreviver, nem nós, público, excepção feita a certos Artistas como o Lobo Antunes que sabem. Ponto final. Como sabem? Porque não produzem livros, mas Arte, neles, em vida já foi reconhecido o poder mediúnico dado a deuses e semi-deuses e aos génios literários. Ora aqui é que me parece estar o nó, um livro é um objecto cujo desígnio não é ser Arte, cujo desígnio é outro, contar uma história, ser testemunho de um acontecimento, expressar um sentimento etc. Esse é o propósito, por isso é que certas obras nos soam mal, porque nelas vemos o artista a tentar fazer Arte, vemos a inutilidade de toda aquela formalização que nos maça, uma espécie de carrocel que não quer chegar a lado algum, o artista encantado com a sua genialidade, com o toque divino. O Lobo Antunes e o do Livro (a pretensão é espantosa) são assim. O Saramago não era assim, tinha a mestria do artífice na relização da tarefa de artífice, mero homem fazedor, não artista, o Techiné, disse que gostava de ter encomendas e o Billy Wilder, o Ford diziam limitar-se a fazer fitas para entreter.Mas alguns acham-se tocados do poder divino de dar de beber a quem tem sede e adivinhar o futuro.
A propósito: Os textos desta senhora aqui, não têm o desígnio de ser Arte, mas a qualidade que têm eleva-os à categoria)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

segmentos de recta

neste mundo de Orçamento de Estado haverá tempo para outras vozes que não sejam lamúrias? outras vozes sem teatradas? Voto, não voto, passa, não passa? O discurso político, embaraça-nos, meus senhores. vamos nós de coração nas mãos, tontas, atrasadas para o bendito trabalho e em vez de uma musiquinha louca, uma diatribe cómica, uns parodiantes de Lisboa, (valha-nos o Portugalex), temos de ouvir variações infinitas do mesmo.agora não há nada a fazer, não batam mais! há quem pense, eu sou uma delas, que ninguém confia nesses políticos de meia tigela que se põem em bicos de pés por umas luzinhas de ribalta. A verdade é que deviam ter previsto o descalabro antes dele nos rebentar as mãos! Façam-nos o obséquio: Mudem ou deixem-nos! Tenho esta maldita impressão que a água correrá do mesmo modo, os job for de boys, as empreitadas, os investimentos e a banca governam, governarão. Os políticos falam.

Acelero o carro quando se mete conversa para o endividamento das famílias, e neste empreendorismo de cordel, as greves em França e o imposto europeu, tudo bem "shecado" dá um só coqueteile: a Europa tem boas maneiras e bons literatos mas está metida num capitalismo corruscante e vazio, para o qual homens são força de trabalho e os novos, a força, são poucos para pagar a factura dos velhos,que são muitos. para desanuviar tem de competir com uma China básica, vagamente histérica mas que tem a seu favor MASSA. ora a massa é a massa, seja em que sentido for, contra factos não há argumentos. A vista alcança o lado de lá, a Costa da Caparica e recordo a famosa e erudita frase tão oportunamente repetida no "Conversa na Catedral" Onde é que nos fo.....??Hein?!

domingo, 17 de outubro de 2010

uma coisinha e uma grandeza, para assinalar a semana




1.nega
alvalade. sexta. 23h.30m da noite. noite cálida de Outono. todas as esplanadas fechadas, e no entanto ali perto há sessões de cinema a acabar às 24h, gente sequiosa por uma imperial, uma bifana. nas ruas desertas voam papeis, um tipo grande e solitário aproxima-se para pedir um cigarro, a chusma que saiu do cinema rumou a outras paragens porque estas por aqui não auguram nada de reconfortante. lisboa é cada vez mais uma cidade onde há pólos de vida nocturna intensa e outros completamente mortos. uma cidade onde parece que a vida vem de fora, trancam-se em casa os locatários, ficam por lá, e as ruas estão desertas. estamos a falar da capital de um império falido, mas mesmo assim não faz sentido. acabrunharmo-nos agora, justamente agora que era preciso um golpe de asa...



2. Excelente:

Situação épica no chile. épico o chile. épica a humanidade. não interessa o que custou. A famosa frase " A vida humana não tem preço" esvaziada à força de repetida apenas da boca para fora, ganhou novo fôlego, rabiou no ar. os homens, às vezes, estão mesmo à altura dos desafios. Que vivam os operários! Que vivam os engenheiros! Que vivam os gajos que tornam estes milagres possíveis!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

do prazer

Tenho muitas vezes um problema: tentar conciliar o que sou de uma forma natural com o que penso. há certamente um instinto natural para o prazer e há por outro lado uma educação e um chamamento para não lhe ceder e a culpa se o fizermos. no meio-termo, na recusa do excesso do prazer, parece residir a virtude. procurá-lo na justa medida embora ninguém saiba em que consiste "a justa medida". A virtude surge como o meio de ultrapassar racionalmente a carência de prazer, porque a carência é dor e esta infelicidade. Haverá um certo prazer na virtude.Maybe. Mas não será maior prazer desviar-se da virtude? Sempre me fizeram impressão aqueles que dizem, e são muitos, que o trabalho lhes dá prazer e que muito tempo sem nada fazer perturba e entedia. fico confundida. prazer e trabalho parecem-me pólos belicosos porque o trabalho é exactamente o que fazemos para poder ter alguns momentos de prazer. Por exemplo: trabalho para poder ir ao cinema, mergulhar nas água mornas de uma praia, conhecer sítios que nunca vi. Descubro a força do capital nesta enumeração. Estar na conversa com amigos, ler livros, pensar, o prazer não tem de ser pago. não pode. mas cada vez mais há uma certa forma de o vender, como se vende roupa. A questão é epicurista: liberdade , amigos, gente como nós. o problema é que no nosso percurso individualista não temos gente como nós e desviamos a necessidade de ter amigos para a necessidade de estar ocupado. preferimos investir no trabalho a investir nos amigos. Depois há a liberdade que o trabalho não dá.chocalha-nos um guizo de diabrete quando nela pensamos, uma posição horizontal e um vernáculo na língua.

domingo, 10 de outubro de 2010

doclisboa

Aí está uma nova edição do doclisboa, (é por estas e por outras que é bom viver perto de Lisboa). Temos "à mão" documentários impressionantes. Alguns exemplos: há dois anos, passou um sobre uma casa em Paris (pós 2ª guerra) onde habitavam famílias de judeus exilados, o seu sentido de comunidade, as trocas, a ajuda, a alegria apesar da pobreza e da difícil situação. Ainda um outro sobre uma comunidade de famílias egípcias no Cairo que habitavam o cemitério e faziam dos túmulos casas de habitação. Chamava-se a Cidade dos mortos. Outro ainda com uma câmara oculta relatava as consultas de um médico de clínica geral numa vilazita de província, as situações que por lá passavam eram no mínimo caricatas, trágicas ou apenas risíveis. É surpreendente o papel do médico em determinados lugares, as suas funções ultrapassavam largamente a prescrição de medicamentos e o dianóstico. Só boas surpresas. Este ano o cartaz é também muito bom. A não perder.

sábado, 9 de outubro de 2010

LA PASIÓN

Salimos del amor
como de una catástrofe aérea
Habíamos perdido la ropa
los papeles
a mí me faltaba un diente
y a ti la noción del tiempo
Era un año largo como un siglo
o un siglo corto como un día?
Por los muebles
por la casa
despojos rotos:
vasos fotos libros deshojados
Éramos los sobrevivientes
de un derrumbe
de un volcán
de las aguas arrebatadas
y nos despedimos con la vaga sensación
de haber sobrevivido
aunque no sabíamos para qué.


Cristina Peri Rossi

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

prefiro o Joseph ao Philip

Os escritores vivos precisam comer, comem da escrita, são profissionais do ofício.Os direitos de autor de um escritor vivo e famoso são uma barbaridade, os direitos dos escritores mortos há anos, nem por isso, daí as editoras rentabilizarem o investimento feito com a promoção. o marketing. Temos também os prémios e o facto de morrerem novos, como o Bolano e o Larsson. Mas veja-se por exemplo, Roth, Philip Roth. Entrevistas, fotos, reportagens, opiniões, críticas. os "gajos" são como as novelas, a toda a hora,em todo o lado, familiares, mais até que primos, gente de braço dado, grandes escritores acessíveis. É o isco. Neste momento o protagonista é o José Luís Peixoto, não há mais nenhum como ele, confesso, não aguento três linhas daquela escrita a"olhar para o espelho" e a fazer malabarismos. Em cada linha leio:"olhem com'eu sou bom escritor!!" Sorry dizer-te: "Não és, garanto-te que não, mas tens mulher e filhos e quem vive só do ofício, à conta de ter boa pinta, tem de vender senão morre à fome!" Agradece ao teu editor!!O marketing livreiro funciona, pena que seja com os objectos errados.


Porque não podemos comprar o Joseph em vez do Philip? O primeiro nasce 50 anos antes, também judeu, naquele caldo Austro-húngaro da 1ª guerra mundial, jornalista, pobre e bêbado mas fulgurante, não se compreende a dificuldade para comprar um livro seu. "A Marcha de Radetzky", a sua obra-prima, não existe, pura e simplesmente (foi editado no Brasil e está esgotado). Podemos encontrar na Assírio e Alvim " A Lenda do Santo Bebedor" e é de ler. Ficamos com um "piqueno" excerto do Hotel Savoy:


"sou um egoísta", disse eu, "um verdadeiro egoísta". "Isso é uma palavra culta", repreendeu-me Zvonimir. "Todas as palavras cultas são uma vergonha. Em linguagem simples tu não podias dizer um horror desses." p.62

temos na fotografia o Joseph a apanhar o comboio, algures nos anos 30

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

o estado de algumas coisas

Os efeitos da crise, o espectro da recessão, da austeridade e da fragilidade dos empregos, já tem implicações práticas, faz-nos sentir medo, medo de errar porque os erros associados a frases ou acções mais arriscadas que têm o poder de nos fazer sentir vivos, livres e criativos, podem custar-nos caro. exemplo: para poupar dinheiro levo o computador avariado a um centro comercial longe, carrego com ele para o carro em vez de chamar a casa um "mecânico de informática", na precipitação deixo que as chaves se envolvam no computador porque já estou atrasada, efeito: ficam as chaves no porta-bagagem e o carro fechado. Chamo um táxi, para não faltar ao emprego, aviso, quando chego uma colega já ocupou o meu lugar, indiferente ao meu acidente considera que iniciou a aula de substituição e não vai de lá sair. resultado catastrófico: tenho falta, zango-me com a colega e ainda derreto 20 euros no táxi.A crise faz-nos ser agarrados. junkies da prestação funcional, obedientes à norma e vigilantes cegos do nosso percurso e interesse.Não é bonito, não senhora, mais ainda; torna-se perigoso porque nos torna cães uns para os outros e facilmente manipuláveis por "superiores", aos olhos dos quais, independentemente do valor do que fazemos e do que somos, queremos estar bem vistos. Esta tendência, só por si, sem daí retirar as devidas consequências, (óbvias para quem pense em regimes totalitaristas) é responsável pelo esmagamento das liberdades individuais.
Fotografia: Jacques Henri Lartigue

domingo, 3 de outubro de 2010

coisas da vida

Surpreende-me a dificuldade (eufemismo de incapacidade) que muito boa gente tem de confessar um fracasso, assumir uma derrota, um desaire, uma impotência, seja ela qual for, é tudo gente excelente e com excelentes resultados, como uma voz colectiva que fala por todos e com eco repetido, num mundo de heróis, como dizia o Pessoa: "não conheço ninguém que tenha levado porrada", "os meus conhecidos são campeões em tudo" e eu, eu "tantas vezes vil " "irrespondivelmente parasita", "indesculpavelmente sujo". Estas palavras no poeta que transcendeu a vil matéria anónima, transformam a vileza mais mesquinha em sublime consciência, mas numa tipa com gravidade q.b, olheirenta e normal, quero dizer, sem traço distintivo ou aparência fulminante, é só queixa, e todos fugimos das queixas como do vírus da gripe, esforçamo-nos muito por ser gente bem sucedida e com um sorriso na cara. o resto é restolho, coisa cinza que embaraça e corrói. percebe-se então o corrupio a psiquiatras, psicólogos e outras sumidades nos tratamentos das almas adoentadas, (nós por cá temos muitas), é que toda a gente secretamente e só ao abrigo de um contrato confessional rigoroso, deseja desmanchar-se e dizer toda a verdade que lhe entope a garganta, sim, fui enganada, sim enganei-me, sim fiz um erro grosseiro, sim gozaram comigo, sim, ignoraram-me, sim não faço a mínima do que se passa mas estou triste e pesada e um farrapo e....ai se eu tivesse uns dinheiritos a mais... enterrava-o todinho no divã de um psicanalista, e ficava por lá, há tanta coisa por resolver, tanta para falar, mas não me posso dar ao luxo, ou ao vício, não sei bem, se os dois se um deles, porque das duas uma: ou estas queixas e desabafos vão saindo para alguém, ou viram letra de música e faz-se poesia, ou então se não nos calhou nem pinga de talento, o melhor é começar a juntar dinheiro para as consultas senão desabamos a chorar só porque o semáforo virou vermelho, justamente no momento em que íamos a passar.
Fotografia de August Sander