Se quisermos fazer uma história do desejo, invocando a literatura, poderemos começar pelo modo como o desejo aparece, isto é como se descreve como força ou antes começar pela seriação meticulosa dos objectos que se desejam? Dois objectos saltam já. O outro, a morte. Deseja-se muito o outro, o amado, a amada, porquanto poderemos ser razoavelmente divididos, entre o desejo do corpo, sexualmente falando, e o desejo da presença. Sendo o primeiro positivo, acto presentificado enquanto o segundo manifesta-se pela negativa, deseja-se a presença do outro exactamente porque não se tem. Também a morte e a aniquilação. igualmente. o lado negro do desejo, simetria ignorada e presente. O primeiro ganha por momentos, mas não sempre. Eros e Thanathos. a diferença entre desejar e ter impulsos, está na diferença entre ficções culturais e biologia, não são da mesma ordem, embora biologia e cultura...quem sabe onde começa uma e acaba outra. Objecto 3. O conhecimento. " Mas agora reparo que o meu espírito dorme. Se a partir deste momento ele definitivamente acordasse, depressa alcançaria a verdade, que talvez nos esteja rodeando, com seus anjos de pranto...se tivesse chegado até aqui desperto, não teria cedido aos instintos deletérios em época imemorial! - Se tivesse sempre bem alerta, estava eu a vogar em plena sabedoria! Ó pureza! Pureza!" Rimbaud
Daí que, resumindo, diletantemente, o desejo tenha o seu objecto primordial no impossível, no que se perdeu, no que não nos pode pertencer.
Daí que, resumindo, diletantemente, o desejo tenha o seu objecto primordial no impossível, no que se perdeu, no que não nos pode pertencer.