
Se quisermos fazer uma história do desejo, invocando a literatura, poderemos começar pelo modo como o desejo aparece, isto é como se descreve como força ou antes começar pela seriação meticulosa dos objectos que se desejam? Dois objectos saltam já. O outro, a morte. Deseja-se muito o outro, o amado, a amada, porquanto poderemos ser razoavelmente divididos, entre o desejo do corpo, sexualmente falando, e o desejo da presença. Sendo o primeiro positivo, acto presentificado enquanto o segundo manifesta-se pela negativa, deseja-se a presença do outro exactamente porque não se tem. Também a morte e a aniquilação. igualmente. o lado negro do desejo, simetria ignorada e presente. O primeiro ganha por momentos, mas não sempre. Eros e Thanathos. a diferença entre desejar e ter impulsos, está na diferença entre ficções culturais e biologia, não são da mesma ordem, embora biologia e cultura...quem sabe onde começa uma e acaba outra. Objecto 3. O conhecimento.
" Mas agora reparo que o meu espírito dorme. Se a partir deste momento ele definitivamente acordasse, depressa alcançaria a verdade, que talvez nos esteja rodeando, com seus anjos de pranto...se tivesse chegado até aqui desperto, não teria cedido aos instintos deletérios em época imemorial! - Se tivesse sempre bem alerta, estava eu a vogar em plena sabedoria! Ó pureza! Pureza!" RimbaudDaí que, resumindo, diletantemente, o desejo tenha o seu objecto primordial no impossível, no que se perdeu, no que não nos pode pertencer.
5 comentários:
Isso! é isso, o impossível. é isso, o desejo.
Um beijo :)
Ana Paula: querer o impossível? ai, ai. são só ideias mais ou menos articuladas.bjo
E o que dizer do desejo pelo que é tangível? Será tão-só um impulso? E perguntas bem: qual a diferença? Haverá certamente elementos intelectuais no desejo, ou pelo menos em algumas formas de desejo... Estas dicotomias a que aludes lembram-me uma outra: a do princípio da realidade e o princípio do prazer...
Pois.
Desta vez ultrapassaste a minha humilde capacidade de te acompanhar no raciocínio... :)
R: Não gozes comigo, se faz favor!
:) Não era essa a intenção.
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