domingo, 28 de novembro de 2010

circularidades do coração. ponto parágrafo.difícil é o amor.esquisito.estranho.volátil e sólido.branco e negro.soberano e escravo.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

corações

OS CORAÇÕES DA ALEXANDRA MESQUITA
NA FEIRA DE ARTE DE LISBOA. (FIL)
LINDO!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

os trabalhadores

a médica discorria sobre o seu estatuto, sim, funcionária pública, sem dúvida,
como me enfadam estes títulos. como "trabalhadores" na boca do Carvalho da Silva me enfada, como me enfadava o FMI há uns 20 anos, na cassete Cunhal! Finalmente chegou! O FMI, ei-lo! O banqueiro usurário. Esta é a velhíssima história que nos contavam quando tínhamos 5 anos, a velha história do Hensel e da Gretel, comeram muito chocolate e veio a bruxa má e comeu-os a eles!Tudo isto é ridículo! Esta catástrofe de déficits e contas. Ninguém percebe, mas as medidas de austeridade são necessárias, como o café é preciso e o pão. mas a natureza humana, a nossa aqui, não se pode reduzir ao essencial. Como respondia o Rei Lear à sua malvada e ingrata filha: julgas que não são necessários guardas para me protegerem? São necessários os vestidos bordados quando tens apenas frio e te bastava um casaco? Não nos podemos reduzir a "trabalhadores", áquela mitologia do operário. O operário vai passar férias a Cancun. e ainda bem. chegou a altura da sociedade se unir e uns ajudarem os outros. os despojados, os Lear atraiçoados têm subsídio de desemprego. O que temos de ver é o tipo ao nosso lado e deixarmo-nos de greves. das contas deve e haver.
a foto é do Egleston

domingo, 21 de novembro de 2010

livres

quando pensamos em liberdade ou mesmo quando a sentimos abre-se no peito um espaço imenso e é de uma ave planando a imagem que vem em nosso auxílio. como se leve fosse essa sensação, voar, mas a liberdade é muitas vezes apenas o peso de tomar decisões sem medo, de ser fiel ao que pensamos, ser fiel ao que queremos, nada há de leve nesse passo, a liberdade custa. libertação do que nos oprime, do que nos fixa, mas mesmo as aves voam para comer, no seu gesto largo há somente a resposta a um apelo da raíz do ser. sejamos homens, os homens libertam-se para prosseguir comprometendo-se com a liberdade, primeiro a sua, porque onde há um homem livre há um exemplo, onde há um homem livre há um compromisso. O sistema parece manietar toda a veleidade de revolta, as greves de hoje, já não se parecem com movimentos libertadores mas com formas de perpetuar laços do passado,retórica e manipulação, nada verdadeiramente libertador. Não sei como se faz para alterar este sistema tentacular que nos hipoteca a prazo, mas não é já com a greve. no dia 24 vou trabalhar e falar sobre a liberdade com os alunos, talvez façamos um manifesto, talvez juntos possamos compreender como se faz, o que é possível e desejável fazer.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

entidade

qual é o perímetro da emoção danada? a configuração com papos de toranja do medo?, ou a curvilínea e alquebrada linha da espuma? a seguir. se seguirmos. tenho na mão o mundo, quando vejo em marte o sol fugir. ou o mundo. a fugir. as minhas imagens inspiro-as, na mesma proporção com que as expiro é dor e alegria, sabes, à vez, numa mesma verbal procura. então marte. lá inclinada sobre a sua imensa distância de coisa no ar e nós cá em baixo a olhar para cima, parando ao som de um violino aparecido exactamente no deslizar das nuvens. estaríamos tentados a chamar às alturas, céu, mas é tão só imensidão não imaginável. um deus que o fizesse não gastaria tanto espaço para lá colocar apenas lua e estrelas e uns tantos gases e sólidos girando, a música são as nossas vertentes fadas que a ouvem, mesmo se ela teima em não ser audível. disse-te. é grande o espaço. pequeno, muito pequeno o coração, e tu pensaste que era uma metáfora, mas não era, depois tentei fechar os olhos e ver para dentro e não fui capaz de ver o coração de tal modo tinha encolhido. atravessei a rua, essa defronte, e fiquei a ver-te de lá, e a rua, aquela defronte, pareceu-me, digo que o senti como e não minto, a galáxia, esse caminho ar e ar entre o meu nariz e marte.
imagem: Howard Schatz

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

a iarte

tenho alguma dificuldade em entender certa arte contemporânea, como por exemplo as esculturas ou intervenções no espaço. Esta peça de que falo, um contentor com alguns espelhos, de escultura só tem a tridimensionalidade mas mantém viva aquela primária questão: é isto arte? Não poderá um contentor por acaso, um dos muitos anónimos contentores ali de Alcântara zona ribeira (a minha homenagem à preciosa expressão que li há pouco de uma criativa mulher do norte: pedras ribeiras) transmitir as mesmas sensações visuais e ter o mesmo efeito artístico, que aquele contentor/obra do José Pedro Croft? se fosse observado e visitado com a mesma atitude estética, com a qual visitámos o outro, quase igual? A realidade das coisas anónimas.os artefactos na sua ligação fortuita com a natureza, mar, vento, espuma e vértices, linhas, quando olhados esteticamente são também peças artísticas. o segredo está no olhar. até um contentor pode ser nau, pode ser épico e toda a arte é épica. nesse aspecto esta intervenção do artista é útil, porque nos apela a um certo modo de ver, um certo modo de ver contemplativo, desinteressado. Mas de um ponto de vista, o meu, a experiência ali das espinhas do vento e o momento único desse encontro entre elas e o objecto, foi, como dizer, brava, forte, é isso, épica.
A imagem é de uma outra obra do artista, ainda não estão disponíveis, na net, imagens da obra referida.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

titi

Sempre que estou com as minhas sobrinhas dissipo as ondas de nevoeiro cerrado com que a sua ausência me brinda, nada tem de bom a ausência quando nos afasta dos mais queridos. criamos mil fantasmas, mil medos e saudades. esta semana finalmente, conheci o namorado, o primeiro, e gostei. gostei dos seus dentes brancos e da tez corada, ainda me incomodou o abraço, mas rapidamente pus a mente ao largo, ela ama-o, espero que não sofra e se sofrer não demasiado, porque amores de adolescência não são para durar. acalmei, era a mesma, só feliz. depois a mais nova, segui-a no hambúrguer e ri-me durante todo o almoço, tem sentido de humor, irreverência, e sobretudo carácter, não sabe bem o que quer mas percebe perfeitamente onde se esconde o que deve evitar e depois não atira palavras a eito (não sai à tia definitivamente) não, diz o que pensa, mesmo se não vai ao encontro das expectativas dos outros, e percebi que não há medos, está lá o que sempre esteve, autenticidade, foi bom, eu já nem sei o que andava a imaginar...


Imagem daqui: http://troll-urbano.weblog.com.pt/arquivo/adolescencia.jpg

domingo, 7 de novembro de 2010

filme



El Ultimo Verano de la Boyita é um filme argentino de Júlia Solomonoff. Mais um filme argentino para me fazer suspirar, A Argentina, ai, ai, um dia hei-de lá ir, já estou quase convencida por não parar de o repetir, então da Argentina lembro-me das pampas, os terrenos férteis de grandes dimensões, clima ameno e aquela língua carinhosa (a pronúncia argentina é mais suave que a castelhana) que nos envolve em segredos e sussurros. este é um filme sobre os segredos da sexualidade e a curiosidade que eles despertam no esboço ainda pouco distinto da puberdade. O que é ser homem? O que é ser mulher? Que papel tem a biologia nessa definição, que papel tem a cultura e a psicologia? Resumindo: como sou, como os outros me vêem e como me vejo ou sinto. As variações possíveis neste trinómio são muitas: sou rapariga, vêem-me como rapaz, sinto-me...confuso/a? Sou rapariga, vêem-me como rapariga, sinto-me rapaz. Sou rapaz, Vêem-me como rapariga, sinto-me...etc. Tal é o dilema de Marquito (estes diminutivos são mesmo calorosos) depois disto a ameaça e a violência, que são o prato costumeiro de reacção à diferença e, a ciência, que pode apaziguar e esclarecer mas não resolve. A ver.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

para esquecer


ir buscar alguém ao aeroporto de carro, em dia de jogo na Luz é como tentar suster a respiração debaixo d'água, fica-se estafado sem qualquer resultado prático. é um teste demasiado duro, acho que tive várias recaídas, insultei, yeee, não há como não insultar, até o Apóstolo Paulo insultaria. só não levei com uma murraça porque pus o cachecol do Benfica, nunca se sabe. Aposto que esta paixão portuguesa por coisas muito grandes, muito juntas, ainda nos vai fazer mudar os jogos para Alcochete ou para a Ota, se nesse tempo ainda estivermos na Taça dos Campeões Europeus e se ainda houver futebol... Cronologicamente falando se ao Salazar devemos o casamento dos três FÊS : FÁTIMA , FUTEBOL E FADO, devemos a quem os três BÊS: BENFICA, BONÉS e aBIÕES?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

abertas

Dia de pão, por Deus. Esta expressão quereria dizer: dai de comer, hoje, a quem tem fome. Fazei-o por Deus. Não o façais por teus irmãos, nem perguntes qual o desígnio, esse, o desígnio, só a Deus pertence, fazei-o simplesmente.
Começaram às 10h a tocar à campainha. São daqui, crianças do bairro, alguns traziam um saco de pano e abriam-no à minha frente, e, ali no hall de entrada do prédio moderno, onde as luzes acendem com a presença dos corpos mesmo de dia, ouvi o tilintar das moedas pretas e o muito obrigada nos sorrisos e senti que era bom começar o dia assim, dando a quem pede.
Fotografia de Cristina Garcia Romero