domingo, 5 de fevereiro de 2012

ponto de desordem

Passamos o tempo a defender-nos com aquilo que somos. eu sou isto, eu sou aquilo, logo, tens de me aceitar como sou, eu e as minhas circunstâncias etc. por outro lado, acreditamos que o amor é exactamente o processo pelo qual alguém nos aceita como somos, e a inversa, o processo através do qual deixamos de nos preocupar com o que somos para nos preocuparmos exclusivamente com o outro. Ora isto é um nó, tão contrário a si mesmo é, ou parece ser, o amor. Teoricamente falando, claro, somos todos, pelo menos os que pensam, dados a teorias sobre estes assuntos. Nenhuma destas teorias vale um abraço ou um beijo. O que fazem as teorias é tapar os nossos buracos emocionais, os que foram surgindo à força de acreditarmos e desacreditarmos, a perda de confiança nos nossos sentimentos, na força deles pelo menos, a perda de confiança nos outros, na sua capacidade de nos amarem, e no fim a perda de confiança no amor enquanto ideal esburacado por relações ditas de amor falhado. Fico totalmente "à toa", quando tento situar-me, quando tento perceber e só sinto, dor e às vezes alegria, entusiasmo, ambos me deixam confundida, na expectativa, sou como toda a gente, isto é, para concluir, que no básico, somos todos demasiado semelhantes. Acredito que o amor, ou desejo, ou amor enquanto desejo, rompe as cancelas do medo. Narcisismo e poder, não. O desejo é o motor que põe em marcha tudo o mais que tiver de vir e queremos que venha, a bateria imensa de coisas é infinita, não escamoteável, nunca reduzida, nem menosprezada, nem derivada, nem julgada. Não queria que fosse mais uma teoria mas se calhar é. Perdoem-me.

4 comentários:

S disse...

Já faz um tempo que não passo por aqui. Na verdade que não passo por lado nenhum. Já tinha saudades destas divagações...

R. disse...

Pois... pode ser uma teoria, um sentir, um exprimir simplesmente sem preocupações conceptuais. Uma coisa é certa: sai-se daqui sempre desafiado. E isso é excelente!
Quanto ao resto, é como diz a música: "o resto é mar, é tudo o que eu não sei contar".
(Desculpa, via. Hoje estou bloqueada por um conjunto de hipotéticas teorias com possíveis efeitos práticos...)

Abraço grande.

via disse...

ss: a distância é curta, um simples movimento do dedo no rato e terás sempre a promessa de aqui me encontrares com mais divagações.
Bem-vinda!

R:mas nem sempre as teorias têm efeitos práticos, as científicas sim mas estas que vamos arranjando para ~fingir que compreendemos qualquer coisinha, são mais uns quantos remendos a posteriori, sem qualidade verificável, nem pretensão a tanto.Desafiar-te parece-me excelente, oxalá o continue a fazer!!A propósito: é recíproco. Abraço

CCF disse...

Desejo e amor são coisas diferentes? Entendi bem?
É essa a teoria? :)
~CC~