domingo, 12 de fevereiro de 2012

Whitney


A primeira cassete que comprei era da Whitney Houston. Lembro-me do porquê e do onde, apesar de terem passado muitos anos, muitos mesmo, quantos não digo, mas vou dizer onde, foi ali na Rua Augusta numa casa de música que tinha uma série de vinis e cassetes cá fora, muito terceiro mundista (agora só aos chineses é permitido ter tachos, panelas e alguidares no espaço público), na altura havia aqueles suportes rotativos para cassetes, com os preços colados com etiquetas de papelaria e eu tinha acabado de ganhar o meu primeiro ordenado visível, depositado numa conta bancária. Comprei uma Pioneer brutal (que ainda tenho) com prato para discos e leitor de cassetes, tudo em módulos separados. A Whitney foi a cereja no topo do bolo. Na capa, era uma negra bonita, por dentro uma voz...bem, eu adoro a voz e a rítmica da Whitney. Ao vivo, dá-me a impressão que não vai aguentar o próximo acorde, que se vai finar, aquilo é tudo, porque é demais, timbre, respiração tudo ao limite. Gostava da onda Godspell da sua atitude (ela aprendeu a cantar no coro de uma igreja Evangélica). Ergo a taça à Whitney e resisto a dizer que os deuses não morrem, é uma banalidade, mas não resisti, afinal.

Quanto à razão pela qual adquiri a cassete é tão íntima, que nem a mim própria em voz alta contaria, segredo reconfortante para este dia triste.

5 comentários:

L.S. disse...

só para dizer que comungo da tristeza, e aprecio segredos reconfortantes para dias triste...
Ab.

R. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
R. disse...

Junto a minha taça à tua, e faço votos de que a sua voz continue a reconfortar-te por poucos dias tristes e por incontáveis dias felizes.


Um abraço que não é segredo p'ra ninguém!

via disse...

LS: resta-nos isso, seja bem-vinda!

R: essa do abraço que não é segredo para ninguém é engraçada, ainda me ri, tu R, estás depurando o sentido de humor.

R. disse...

Merci!