segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

horror

 
Nicolas de Stael
 
Não me canso de olhar para estes assassinos de dezassete e vinte anos, filhos de" boas famílias", classe média, escolaridade elevada, bons alunos, inteligentes. Este de Newtown  e os outros em 99 de Colombine, na Noruega um outro, mais velho, há dois anos. O perfil psicológico parece ajustar-se: Solitários, introvertidos e megalómanos. O acesso fácil a armas de grande destruição é um factor crucial (como podem cidadãos comuns armar-se deste modo?). Depois o aspecto do mal, mal que traduzo como a incapacidade de gerar afectos positivos,  ódio alimentado por fantasias numa forma de prazer/poder experimentado,definidor. Em Columbine era evidente o gozo, os vídeos comprovam-no. Para o norueguês há também triunfo no olhar, o gozo e o controle, o prazer que deriva do poder.  Este novo assassino não era louco, se o fosse não conseguia assassinar tanta gente, há em todos eles uma frieza emocional que lhes permite matar meticulosamente, como quem faz tiro ao alvo, humanos/coisas, alvos amorfos em movimento. A supremacia que dizem sentir torna tudo justificável. Esse é o aspecto mais assustador, não haver desvario, desespero, mas calculismo, premeditação, razão. Como pode uma sociedade evoluída gerar tais monstros e alimentá-los?
A complacência actual perante os comportamentos cruéis dos adolescentes, a justificação perante repetidas  atitudes de egoísmo e violência, como se de um  produto social se tratasse, o psicopata social com o qual nós, adultos  "normais"sentimos uma espécie de complexo de culpa reagindo com excessiva tolerância ou indiferença a situações que exigiriam firmeza e dureza, é parte de um mecanismo de alívio ou compensação por males cometidos, alívio dessa culpa que sentimos por não ter educado bem, numa época em que educar bem é uma incónita angustiante e infinita. Há nestes adolescentes e jovens adultos, uma indiferença perante o bem e o mal, como se para eles não houvesse limites.  Em muitos adolescentes sinto essa falta de sensibilidade ao outro, a falta de empatia, a pretuberância do ego, em muitos casos foi somente falta de uns tabefes no momento certo. Volto ao horror da situação Newtown, nada poderá explicá-lo senão que é preciso detectar estes seres antes de fazerem o que, quase sempre, ameaçam repetidamente fazer e retirar todo o tipo de armas, com este poder de destruição, do mercado. Por outro lado, aquela mãe não se apercebe do perigo que tem em casa? Continua a manter o arsenal mortífero ao alcance de todos? As crianças e adultos que morreram exigem uma resposta e uma responsabilização.

2 comentários:

CCF disse...

Via, partilho do teu horror e da análise muito bem feita sobre a forma como criamos monstros entre nós.
~CC~

via disse...

CCF: parece que o nosso sentido de justiça exige que se mate o monstro 27 vezes, e ele só morreu uma.abraço e bom natal