segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

O preço do Sal


Agora é o momento de ver os filmes para o óscar, e gosto, porque são bons filmes os que começam nesta altura a estrear, a produção americana tem produtos de bom gosto e escorreitos, mas faz falta lavar a vista com outras produções, Outro cinema, o mundo é vasto e a arte não pode ser manipulada ao ponto, cada vez mais, de ser americana.Fui ver o Carol, no Amoreiras cinema, a história da Highsmith tinha sido uma bomba quando a li ainda nos anos 80 editada pela Europa América. Boa história, levaram 60 anos para a contar em filme. Hollywood tão cansada de velhas histórias de amor tem um novo filão a explorar, mas tem que o fazer bem. Neste caso sim, embora eu imaginasse, como sempre quando lemos primeiro o livro, esta Therese Belivet muito mais arriscada e marginal do que eventualmente a personagem do filme representa, mas corre um fio de intensidade emocional no filme, esse fio é tanto mais perturbador quanto ele se esconde por detrás dos valores de produção sólidos da indústria americana. Não acho que seja uma história de sedução de uma mulher mais velha a uma mais nova e de uma classe mais baixa, não é isso que Therese é, e o livro é a perspectiva dela, a certeza do amor dela que corre, essa certeza que nem uma vez esmorece, é que dá a intensidade emocional do filme. A história não é Carol mas Therese, é nela que corre o desabrido, uma ponta de abismo por onde começa e acaba todo o amor.