domingo, 6 de novembro de 2016

Café Society, o último Allen


Café Society é um filme a reviver intensamente, 80 anos depois, o glamour do cinema Americano dos anos 30. Não faltam as referências ao Wilder do "Crepúsculo dos Deuses" e a Barbara Stanwick. Um tributo de um cineasta que admira os antigos, que admira a escola e a tradição de Hollywood. Mise em scéne perfeita, fotografia luminosa, e uma vedeta com uma beleza oscilante entre a femme fatal e a inocência. Entre a displicência da Kim Novak e a beleza contemplativa da Eddy Lamarr. As referências sucedem-se naquele ritmo frenético que nada tem dos thirty's mas que é Allen ele mesmo,num discurso que quer apanhar em palavras o indecifrável das emoções. Nas tiradas irónicas do self made man encantado e pragmático a quem foge sempre qualquer coisa do essencial a que aspira e sempre pouco à vontade no meio da society de que faz parte, admirando distanciado a sofisticação das roupas e das poses com que o poder vai tecendo os seus simulacros, um jogo que o atrai mais do que algum dia poderia admitir. 

3 comentários:

CCF disse...

Já tinha saudades de a ler :)
~CC~

Graça Pires disse...

A ver se vou ao cinema ver o filme...
Uma boa semana.
Beijos.

via disse...

CCF: Obrigada!
Graça Pires: Vale a pena! Bom fim-de-semana