segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

a testemunha

Depois de várias tentativas para me colar às palavras do Nobel, desisti.era mais de outras escritas, das que ligadas ao vórtice do estômago propiciam dois ou três mundos perfeitamente coerentes e sólidos. Só não percebia a tendência para ser protagonista, saltar para cima de uma personagem e vivê-la. Seria infinitamente mais razoável ser testemunha, porque sejamos honestos, o livro está acabado, ninguém foi chamado, o autor morto não pode aconselhar ou alertar para o que pode acontecer, por momentos, ao mundo de cada um. O meu mundo tinha uma change total. A coisa durava cerca de uma semana. Também seria difícil discernir quem salta para cima de...também podia ser a personagem. Em Orgulho e preconceito, fui durante várias semanas o Darcy, foi um caso de sucesso, durante semanas não me importei e escrevia e sentia e agia como ele agiria, evidentemente agora, sem casaca, sem mãos prometidas e sem mansão, sem ingleses, na altura parecia-me promissor, estas particularidades culturais eram perfeitamente secundárias, havia soturnidade e grandeza nos seus gestos e aqui nestas ruas, a esta temperatura e com esta poeira instantânea, andavamos como submersos, nariz ostentando o fedor da merda, então, sim, adoptei-o. Deixou-se adoptar mas resistiu, a esta distância compreendo-o. Ele estava-se nas tintas, a Austen não, deve ainda pavonear-se e com razão, embora de nada lhe sirva, levar almas moles e obscuras ao frenesim de serem outras.

Um comentário:

SMA disse...

E aqui confesso... que eu me encontro ao lado
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bjo adezembrado