quarta-feira, 30 de maio de 2012

Cerejas

Aí estão elas, alinhadas e expectantes nas caixas de papelão do supermercado. Cerejas do Fundão, lindas, frágeis, deliciosas. Se não houvesse razões para se aninhar ao colo do fim da Primavera, para abrir os braços ao Verão, haveria sempre a surpresa de Maio nos trazer morangos e cerejas, a surpresa  deste país poder orgulhar-se de ser eleito entre aqueles (poucos!) que têm condições para as criar, como se cria um filhote de compleição pouco robusta mas de admiráveis qualidades. E, para além desta admiração profunda que me enleva a alma, reparto-me na alegria de saboreá-las e na tristeza de as ver desaparecer demasiado rápido para o meu enlevo, da taça de vidro onde cuidadosamente as pousei.

5 comentários:

S disse...

Sempre que chega a esta altura do ano lembro-me de como eu e a minha irmã gostávamos de fazer de conta que éramos princesas com belos brincos nas orelhas e depois comer até não haver mais!!
:)

R. disse...

Assemelham-se aos prazeres raros: são de uma intensidade ímpar e de uma duração sempre aparentemente breve.

jp disse...

Subir à árvore e comê-las.
hmmmm, melhor ainda.

via disse...

ss: bem, há quanto tempo não te via por aqui, sê bem vinda e assim.calorosamente.

R: minha querida R, o que dizes sobre a raridade ser um potenciador de prazer é inteiramente razoável para mim.

jp: comê-las. ponto.

R. disse...

:) Um abraço grande.