quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Para a Rita


Botticelli


não sei se posso desvelar a sombra
sem primeiro formar o contorno da luz

sei de forma a revelar-te quando
irrompes entre os braços luz
 minha
minha quente e humana voz
ou luz ainda

desculpa, vou recomeçar
repito-me
se me atrevesse a nomear
era incandescente
nenhum nome então
talvez  mãos escuras
na tua ausência
brutas mãos queimadas
saltem para acender
o fio emaranhado dos cabelos
e descubram
no mapa da multiplicação
arrepiada
que me fazes sentir
uma nova definição
mas hesito
como vês nada pode ser dito
fecharei os olhos sem  noite
e voltarei ao teu encontro