quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Reflexões para começar o ano

O Ano que aí vem, melhor, o tempo futuro, o que nós temos para viver, parece sombrio. Para além das dificuldades económicas e da pobreza de muitos, conheço alguns e todos nós conhecemos uns quantos, pessoas sem trabalho ou outras a trabalhar em condições pouco dignas, temos a sombra esmagadora de uma desconfiança na classe política que nos governa e numa série de oportunistas ligados ao poder cujo ofício parece ser servir-se do Estado para enriquecer com empresas que vendem ao dobro os seus serviços. A mudança que temos de fazer teria de ser dirigida para um mundo melhor e mais justo e, para isso, teríamos de confiar em quem dirige, ora como essa confiança não existe estamos de olhos vendados, com medo e, por isso, confinados ao nosso pequeno mundo, lutando por ele sem olhar mais longe, sem consciência política que nos possa unir. Neste contexto não é de espantar o discurso de um polícia enquanto esfregava os olhos cansados de olhar para o computador, registando as queixas de roubo que todos os dias caem às dezenas na sua esquadra: este é um país de homens fracos, de burlões e de corruptos, o mal não tem remédio, os melhores emigram,  resta-nos a geração futura das crianças Indigo e Cristal que vão "limpar" esta nojeira colectiva. Compreende-se a impotência e a revolta mas não podemos cair na irracionalidade. As teorias messiânicas de salvação não são mais que um chorrilho de disparates, alimentam-se do descontentamento e da ignorância e podem ter consequências trágicas. O Estado ocidental está decadente por inúmeras razões, mas continua a ser um Estado melhor do ponto de vista dos direitos humanos que qualquer outro e, a nossa qualidade de vida, a da Europa, continua a ser exemplo para outras sociedades. Esta constactação permite-nos olhar melhor para o que está mal e não tomar as partes pelo todo. Se há ministros que são corruptos exija-se a sua demissão, se o governo não sabe o que faz exija-se a sua demissão mas não deixemos de lutar pelos valores da democracia e da justiça social, não confiemos numa alma messiânica porque essa não existe e se diz que sim, é preciso ter muito cuidado não vá ela convencer-se disso.

2 comentários:

R. disse...

subscrevo de tal maneira estas tuas reflexões que não me restam palavras para acrescentar o que quer que seja. Por isso, "Ámen"!

Boa semana e bom ano!

via disse...

R: Seja feita a vossa vontade, acrescento. Abraço