domingo, 6 de abril de 2014

Vic e Flo viram um urso.



a sala compôs-se, era ainda dia, a textura do filme , a sua coloração amarelada cumpria a do ocaso como algo antigo, uma fotografia velha, quase o mesmo para a escolha dos rostos, para os movimentos da câmara, lentos, pesados, inertes, opacos, expectantes, e os diálogos crus, ou de uma estranha poesia, quão estranha quanto assoma de uma realidadde que parece que a esqueceu em definitivo e para todo o sempre. Árvores e pessoas,  um estrebuchar dos corpos contra a fatalidade da  natureza nos ligar simetricamente à morte e à vida, carregando um estigma, o que somos  resultado do que fomos, o passado desenha a linha do inevitável para quem vive. O amor brotava do seu desespero, do desespero das duas mulheres, forte mas frágil, diante de uma lei implacável, uma impossibilidade de fuga, o amor redime e dá sentido mas abocanha-o o absurdo. No absurdo do mundo nada é sagrado, nada está ao abrigo da voracidade dos homens e das plantas de transformar a vida em morte.

2 comentários:

CCF disse...

Parece interessante, li boas críticas.
~CC~

via disse...

Sim, o filme é muito bom. Vale a pena, aconselho.