
manipulamos ao exprimir um sentimento imperioso e nosso que obriga à conformidade. comemos com cebola e alho o espaço dos sentimentos e dos desejos alheios. agrilhoamos com guardanapos de pez as mãos dos outros. na marioneta isso é assim, mas o teatro só cabe na vida se aceitarmos o papel. não somos marionetas, mesmo se em nós lateja um medo pendular e mesquinho.na verdade somos livres, de condição. temos ainda para dar uns violentos abanões e caminhar na vereda, sozinhos, segurando um pássaro na língua.
podemos ainda esconder o pássaro entre a camisola e o soutien, ou dardejar raios luminosos sobre o seu canto, não fugimos, abrimos a porta à saraivada.
a corda depois gasta-se,
Foto abbas kowsari
6 comentários:
Seremos assim tão livres?
Se a nossa liberdade não colidir com a alheia, não constranger seja quem for, acho que sim, cabe-nos a obrigação de jamais nos deixarmos resignar e tentarmos ser livres.
Bjs
Curiosamente, e ainda que num registo radicalmente diferente, este teu texto tem algo em comum com a música que acabo de publicar no blog... É caso para dizer que 'de sábio e de marioneta todos temos um pouco'. A necessidade de sobrevivência, primeiro; e de adaptação, depois; a isso obriga, num equilíbrio nem sempre fácil de gerir. A magia das marionetas é que detemos total controlo sobre elas, o que nem sempre se verifica no que toca às nossas acções ou circunstâncias...
(Mais um texto soberbo, via!)
Abraço grande.
ss: Somos livres por condição, por condição podemos escolher, se tivermos essa alternativa, claro.
JPD: Se a nossa acção constranger alguém, não deixa de ser legítima, todas as acções nos constrangem. só perde a legitimidade se retirar ou pretender retirar a liberdade do outro. parece-me.
bjo
R: Olá, não vivemos num regime de ditadura em que há a instrumentalização de pessoas, toda a instrumentalização seja que rosto tenha é sempre desprezível, sobretudo quando tem rosto de legitimidade moral. abraço.
Mas o teatro só cabe na vida se soubermos que estamos num palco...
ás vezes somos marionetes e bonecos de trapos...outras vezes, somos os homens que mexem as cordas... E SERÁ QUE NÃO É O MESMO?
Estica-se a corda, e é assim!
prof helena:mas as imagens que servem para o teatro também servem para a vida e vice versa, a marioneta será um papel que jogamos à vez, certo, nunca sabendo, saber é logo para romper a corda, e depressa como quem tem de chegar-se à boca de cena e não tem tempo para jogar ao faz de conta.
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