os ramos e os pés
a luz e o coração
o fantoche de palha das emoções bárbaras cicatrizes
a figura trémula do meu pai
a figura presente da minha irmã
Rimbaud que se desfigurou
a atravessar planícies
Vejo a roseira do jardim
ao alto
o pânico de voltar ao lugar
onde descubro nem ser feliz
sem crueldade como quem traça a perna no sofá e amassa na ponta dos dedos a factura do gás
Deixo de lado
o meu amor cansado
as partidas dos aviões para o Norte de África
ao início do crepúsculo
lembro-me de quase nada
de tanto me tentar lembrar
permissivas gotas de absinto
no calendário
os anos
seguram
crianças ébrias
sorrisos florescentes
matas
à temperatura de um corpo.
6 comentários:
Deixar de lado,também disso ou sobretudo disso se faz a vida...
Bom Ano.
L.S: pois para dizer a verdade, embora com excepções meritórias, pois concordo e bom ano.
Bonito poema!
Que faças muitos em 2012, isso fará dele um ano mais rico.
~CC~
CCF: é vero, excelente enrada para 2012!
A "veia do poeta" é inegável aqui. Venham mais como este ou como outros quaisquer, que o potencial não se fica pela prosa. À medida que lia interrogava-me sobre a provável reconhecida e talentosa autoria. Depois percebi que só me enganei quanto à popularidade do autor.
Um abraço e que o novo ano te mime.
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