terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Entre a essência e o Atlas

o essencial é o quê?o que fica depois de depuradas as particularidades, a nata do leite, as folhas do chá, a molécula, o átomo, o necessário, o substancial?a forma?o sentimento? ou o conceito?fruto da mente ou existência inominável? o que se repete muitas vezes ou aquilo a que se acede uma única vez? Será invisível aos olhos como dizia  o Príncipezinho, ou será apenas o visível, a coisa bruta metamorfoseada, será o estático ou  a própria mudança?e visto que como o amor, pode ser tudo, não deixa de nos atormentar, de um absoluto, de uma sede mas nunca de uma recusa, como se embora não sabendo a sua forma, pudéssemos garantir tratar-se de algo bom e desejável. Tudo a propósito do novo livro do Gonçalo M.Tavares: Atlas do Corpo e da Imaginação que dinamita as essências.Parece um cadáver esquisito, a imagem que me veio à mente, talvez por causa das fotografias de partes do corpo que vêm no interior, remete para aquelas fotografias de corpos cadáveres do Witkin, a aparência é de um livro de anatomia, livro de doenças e deformidades, mas depois a escrita é o contrário, lógica, leve, aforística e sobretudo de um caos pensado, ordenado, se é que isso é possível. Agarrei-o na livraria Barata, há muitos anos que não ia à Barata, naqueles já extintos rituais de Barata e King. literatura e cinema ao sábado à noite. O eco das palavras do Tavares que prefere a conjunção à disjunção. Eu também, prefiro a conjunção à disjunção, daí que este problema da essência envolve já uma disjunção fastidiosa, um ou ou que não se resolve nunca. 

2 comentários:

cs disse...

fui tentar comptá-lo eu. O preço deixou-me um pouco renitente....mas lá terá de ser :))

via disse...

cs:o preço dissuade qualquer pessoa, mesmo os fãs nos quais me incluo.Bom fim-de-semana.