segunda-feira, 17 de agosto de 2009

talvez não seja bem tempo para estas leituras mas por distracção dos editores nem todos os livros vêm com conselhos de estação, tipo: este é para ler na praia enquanto este outro vai mais com lareiras e assim, nevar lá fora, bom, seja como for encontrei-me na psicanálise e se bem que não possa negar a razão primordial do seu discurso, sobretudo os conceitos de inconsciente e pulsão, preocupam-me algumas das suas asserções, nomeadamente a de que a maturidade sexual da mulher estaria ligada biologicamente ao prazer vaginal e psiquicamente à ultrapassagem da castração primordial da infância que seria, no caso feminino, a inveja do pénis. A minha sobrinha, quando novita, dizia que queria um, sem dúvida que daria jeito, pensava ela, sobretudo para poder urinar de pé (estive três minutos a pensar qual a palavra melhor para esta acção...todas elas são ou rascas ou demasiado afectadas). A primeira asserção é obviamente falsa, o prazer sexual das mulheres não tem a sua origem na vagina e a segunda permite as interpretações e diagnósticos mais contraditórios. Isto é, na psicanálise, seja qual for o nosso comportamento, a sua causa é a mesma - a castração - e seja o que for que aconteça podemos estar seguros de ser todos psicóticos ou neuróticos sem excepção porque projectamos sempre fantasias sobre nós ou sobre os outros e estas são fugas ao complexo primordial, fugas essas que se pagam com a autoflagelação ou a flagelação dos outros, consoante a culpa seja nossa ou dos outros, há sempre o castigo. Bolas!! A acreditar em tudo isto ficamos não curados, mas verdadeiramente neuróticos!

2 comentários:

Ana Paula Sena disse...

É a chamada "neura da psicanálise" :))

via disse...

Ana Paula: e é mesmo, descobrimo-nos todos neuróticos não há como fugir!