
hoje evoco Baudelaire, quando se punha a dizer que as lembranças são mais uma forma de sofrimento e, por isso, inúteis, em cima do dorso da vida, chamamos vida à mistura finíssima de todas as lembranças com pequenas queimaduras da pele, mais o latejar constante do sangue? ou o sonho, transparente, e a penugem baça de estar acordada.
(este relógio está uma hora pra frente, atraiçoando o momento)
foto de Jorge Rato
5 comentários:
Por vezes, é verdade, as lembranças podem ser uma forma de sofrimento.
Mas também podem ser tão boas...
Baudelaire ignorava (talvez deliberadamente) o efeito poderosíssimo das boas lembranças: das que nos animam, das que nos encorajam, das que nos 'galvanizam', etc, etc. A vida, ainda que infinitamente mais complexa, é feita dessas lembranças também. O peso relativo que lhes atribuímos, esse, sim, é variável.
Desculpa o reducionismo do meu comentário perante a vastidão do que aqui evocas.
Um abraço grande.
Vida, mistura finíssima de todas as lembranças, dizes bem . E não se apagam as cicatrizes,tatuagens .
Hoje deixamos-te olhar com atenção
para o teu umbigo,o registo de onde tudo começou. Mas só hoje ! Por ser o teu dia! Beijo de parabéns!
...e aquele dia que existindo no contar dos dias, não existe no passar da vida, desse nem lembrança só uma ideia de como seria!
ss: podem, tens razão, esta visão é negativa, também acontece.
R:baudelaire era dado ao corte a cru, sem dourar, é mais comum que as lembranças nos roubem um sorriso triste do que uma febre de actividade, são lugares contemplativos donde se retém o bom, enevoado pela boa vontade com que o fazemos.nunca és redutora R.abraço
jp: obrigada pela lembrança, registo a patente do umbigo, sem grande orgulho. gosto destas tuas sacudidelas de pó! bjo
g: imaginação pro futuro a partir de umas achas do passado, é isso?
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