domingo, 27 de fevereiro de 2011

Morte em Veneza de Luchino Visconti



Começo por onde? Pelo fio de tinta negra que escorre sobre o pó-de-arroz da cara de Aschenbach louco? Aquele para quem a beleza era espírito e descobre que estava enganado? Que o corpo se impõe, que esse mundo de delicadeza e pudor esboroa-se face ao inevitável da paixão, ao sombrio golpe da paixão.Ou falo da beleza ambígua de Tadzio, da morte ou da revelação do mundo como aparência,face ao silêncio despudorado do desejo? Da morte da Aristocracia enredada nos seus pergaminhos,cansada,ou a morte escorrendo pela pedra dessa Veneza de luxo e peste? Todas as frases sobre este filme são patéticas.só os génios conseguem ser tremendamente verdadeiros e tremendamente artificiosos. trata-se do belo, puro, no que tem de demoníaco. e encanta-me, nada é puro, nada.

6 comentários:

Ana Paula Sena disse...

O filme é um daqueles que revemos sempre e a mim, causa-me sempre uma estranha inquietação. Um tesouro do cinema.

E o teu texto, a fazer-lhe jus. Sempre a escreveres bem!

Beijinho grande e amigo.

R. disse...

Nada é puro. E por isso talvez importe o que resta depois da depuração das coisas...

Abraço grande, querida via.

Rui disse...

purificação, nem a das almas (garcia, talvez)

g disse...

E quem escreve assim.....

Nada a dizer!

bj

Unknown disse...

Li o livro.
Visitei A Sereníssima duas vezes.
Tudo me pareceu encarador e sublime.
A tua edição está fantástica pela exaltação conseguida.
Bjs

via disse...

Ana Paula:Obrigada, e tu sempre a ser gentil! passou na Cinemateca esta pérola.bjo

R:em busca da pureza...pois nã sei se depuradas as coisas ainda são as mesmas, serão outras talvez. abraço

Rui: Purificação garcia??? estes teus comentários são difíceis!!

g: obrigada, mas o filme recomenda-se.

JPD: Sereníssima? estará a escapar-me alguma coisa? Obrigada.