terça-feira, 31 de maio de 2011

o romantismo

o que me cabe de romantismo, a fatia que me coube, sempre foi de molde a encarar uma arte. Revejo nele o branco de lençóis, a calma dos barcos nos rios em sépia mas também rosas vermelhas, uma atenção vulcânica. Se o romantismo existisse aqui, sobre a secretária, seria para mergulhá-la numa insensata viagem e segui-la para se perder, mesmo adivinhando, alquebrando, não dando tréguas ao fim, multiplicando-o em pequenas faces coradas, em leves tremores de mãos. seria assim se o fosse, quando já é, fórmula secreta adoentada em pequenos sinais desmanchados, fortes como o dedo mindinho da mão esquerda. Se ele, o romantismo indeciso, aparecesse à porta, convocaria a figura cinzelada da distracção para o deixar revelar-se, diria qualquer coisa de bater palmas e prolongaria em bóreo, o mordiscar moreno do seu apelo, e se nada mesmo nada o demovesse então voltaria para comprar rosas e ,na loja, sentada no banco, pernas encolhidas, ao lusco flores da penumbra havia de esperar semeá-las na parte mais íntima, nos braços ou na saia em desalinho.



foto de Adriana Silva Graça

2 comentários:

R. disse...

E o que mais dizer quando tudo está dito? Se o romantismo fosse feito de palavras seria igualzinho às tuas.

via disse...

R:E não é? também, quero dizer, a mior parte dele? obrigada és, como sempre, gentil.