
páginas de jornal dobradas na ponta, pêlos de gato na blusa preta, a toalha de mesa descaída só para um lado, um olhar rápido para o relógio no encontro, a alça do soutien a aparecer, a barriga que te olha sem relógio e as unhas cortadas ao sabugo, poderia ser o retrato, se os retratos fossem manchas e, ainda assim, vigorosos indícios.
quadro: Lucien Freud, Girl sitting in the Attic Doorway, 1995
8 comentários:
Brutal retrato, e não me refiro à pintura!
brutal, sem dúvida, próximo também do que se olha sem "fazer de conta".
Ontem deveria ter sido mais explicita ao agradecer o , por aqui, ter-me apaixonado por um novo pintor, Bo Bartlett.
L.S.
As unhas no sabugo pelo menos eram sinal de bons dentes....;)
Manchas ou retratos? Tudo depende do olhar/ reconhecimento do outro. Será?
Toda a solidão nos devia constranger, mesmo de uma forma muito egoísta.Senão só vemos manchas...
Pintura e texto escandalosamente crus na sua verdade!!!
anónimo: essas descobertas são boas nos dois sentidos, estimulam-nos a procurar novas obras e autores e oferecem a quem nos lê novas formas de contentamento.brindo a isso! Tchim Tchim!
g: pois, mas indícios de uma certa nervoseira incontrolável, também. ehehe
prof helena:ora vejamos, se consigo entender:o retrato mesmo cru como o da pintura exposta, tem qualquer coisa de engrandecedor, pela definição, quando as coisas se definem pela arte, mesmo o feio torna-se grande.
as pequenas coisas, as que não têm qualquer grandeza, são manchas, indícios, insusceptíveis de retrato.
claro que tens razão, o olhar do outro faz a diferença entre uma coisa e outra.Não percebo em que sentido a solidão nos devia constranger, quando de facto é o que faz, diria que não devia constranger.
precioso o teu comentário.
Pouco empenho no encontro?
martim: não percebo a pergunta.
Postar um comentário