quinta-feira, 10 de novembro de 2011

místicos


Aquesta divina unión,

del amor con que yo vivo,

hace a Dios ser mi cautivo,

y libre mi corazón;

mas causa en mí tal pasión

ver a Dios mi prisionero,

que muero porque no muero.

Santa Teresa de Ávila




Quando leio os místicos não deixo de sentir perplexidade e, ao mesmo tempo, ironia. Há algo que os une, uma esperança infundada, uma agonia prazenteira. o prazer associado à dor, ao sofrimento atroz. associado significa aqui fundido num só. A perplexidade não vem com a estranheza, não me é estranha essa experiência, nem tão pouco considero estranho que ela seja libertadora. assumo que o pode ser, que o é, enfim. A perplexidade deriva de não conseguir compreendê-la como experiência de um verdadeiro convívio com o Bem Absoluto-Deus, o Espírito. Há nelas um estímulo corporal, uma emoção exacerbada que não posso evitar pensar ser fruto de uma certa loucura proveniente da falta de verdadeiro estímulo corporal do outro, físico como nós (mas não só, obviamente). o excesso não resulta de um transbordar de verdadeiras emoções e sensações face ao Absoluto mas de uma carência, carência que se toma por amor. Dai a um homem ou a uma mulher a clausura e a solidão mais austera e ao fim de um tempo ele imaginará que anjos de fogo o visitam. dai-lhe a fome e ele, para lhe resistir, imaginará a abundância. Trata-se de uma espécie de experiência da provação e, pergunto, que distingue esta experiência de outra qualquer a qual, por excessiva, pode resultar em loucura?

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