penso que escrevemos para esconjurar o medo. para o afastar shoo! mas não deixamos de escrever se, desmascarada essa intenção, o medo continua e as páginas já se vão cheias de letras. então escrever é um modo de acolher brava um certo fracasso, talvez dos poucos fracassos que não nos importamos de abraçar e até de insistir.a minha geração crê na escrita, na leitura, na palavra. persegue-a mesmo se ela se acumula inútil em pó e cotão por todos os compartimentos da casa. continua a ser uma visão feliz, a dos livros, muitos e em estado de sítio, parados e transportados em pontes movediças, nas sacolas toscas ou finas do nosso ser viajante. sim, cremos nas palavras, somos possuidores orgulhosos da arte da fuga, de todas as formas seráficas e apaixonantes de nunca estar verdadeiramente em sítio algum. demorar ausências, amá-las no excesso estonteante das várias possibilidades de presença. todas em breves momentos nos montaram para as montarmos e todas por largos anos se mostram quando convocadas, deixam entrever o flanco onde as linhas da cosedura com o nosso desejo entroncam.hei-de mostrar-te os livros que ando a ler, as memórias da minha projecção, o filme onde me poderás ver. de formosas verdades e múltiplas traças se comporá a letra quando sobre ela te deitares a escorregar como só tu, nessa doçura sem verbo, como só tu fazes ou a minha escrita imagina.
terça-feira, 31 de julho de 2012
em letra pequena
penso que escrevemos para esconjurar o medo. para o afastar shoo! mas não deixamos de escrever se, desmascarada essa intenção, o medo continua e as páginas já se vão cheias de letras. então escrever é um modo de acolher brava um certo fracasso, talvez dos poucos fracassos que não nos importamos de abraçar e até de insistir.a minha geração crê na escrita, na leitura, na palavra. persegue-a mesmo se ela se acumula inútil em pó e cotão por todos os compartimentos da casa. continua a ser uma visão feliz, a dos livros, muitos e em estado de sítio, parados e transportados em pontes movediças, nas sacolas toscas ou finas do nosso ser viajante. sim, cremos nas palavras, somos possuidores orgulhosos da arte da fuga, de todas as formas seráficas e apaixonantes de nunca estar verdadeiramente em sítio algum. demorar ausências, amá-las no excesso estonteante das várias possibilidades de presença. todas em breves momentos nos montaram para as montarmos e todas por largos anos se mostram quando convocadas, deixam entrever o flanco onde as linhas da cosedura com o nosso desejo entroncam.hei-de mostrar-te os livros que ando a ler, as memórias da minha projecção, o filme onde me poderás ver. de formosas verdades e múltiplas traças se comporá a letra quando sobre ela te deitares a escorregar como só tu, nessa doçura sem verbo, como só tu fazes ou a minha escrita imagina.
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3 comentários:
Tão verdade!
Na necessidade e frustração de olhar uma folha em branco e não conseguir escrever nada, mas ao mesmo tempo o turbilhão andar cá dentro! Assim descobri a fotografia e nunca mais a larguei.
É bom presumir que se pertence à geração dos que escrevem, bem mais e para além do "teclar", ainda que o escrever seja pequeno.
sónia silva: com inegáveis resultados positivos!
LS: obrigada, pequeno é para ser lido que aqui lê-se o breve, é um costume intranet.
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