terça-feira, 27 de novembro de 2012

Por agora

 

por agora acho-me com os dias frios, especializada em andas para não esbraçejar na lama. Diagnóstico frívolo. portanto.
Serei levada a pensar na inutilidade do discurso crítico, uma pescadinha de rabo na boca, somos e usamos o mesmo discurso e as mesmas armadilhas do discurso estendem-se em cada frase, em cada exclamação vigorosa. A única atitude seria calarmo-nos , não cair uma e outra vez nesta incessante e fragmentária exposição de intenções, exceder a auto-vigilância que nos é exigida continuamente ou a consciência angustiante da impossibilidade verdadeira de, por agora, poder encontrar espaço para a transgressão, por mínimo que seja. Palavras indignadas ou revoltadas servirão mais do mesmo, contributos de uma catarsis colectiva. Porque queremos nós falar? Porque falamos a todas as horas, por todos os meios? Conto da saturação. Voltar ao umbigo, ao minúsculo, ao tão subjectivo de pessoal. Corromper esta generalização constante que quer esclarecer e só empapa as coisas em verdades sobre elas. um estado, o fim do dia, antes da noite, existem apressadas e sem contornos definidos as parcelas, o automóvel, a Lua , o arco-iris no céu. e deste texto acabado de escrever espero cinco gostos, dez seria melhor, ou nenhum.
 
foto: Rita Araújo

7 comentários:

ana p disse...

Gosto

CCF disse...

O silêncio é tão bom.
~CC~

hlebre disse...

Psiu!!!

cs disse...

gostei muito!

R. disse...

Também gostei, e tomei o peso de cada palavra. Numa altura em que tanto se tem (necessidade) de dizer, há palavras, preciosas, que correm o risco de se banalizar.

Um abraço.

via disse...

Magnólia, cs e R: Thanks.
R: devia fazer-se uma coagem do discurso, exactamente para não deixar passar o lixo que não nos permite ver o melhor.

H.lebre:...

CCF: por este meio, é difícil.

Ana Paula Sena disse...

Gosto!