terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

O Tejo ondulava e o dia chegava ao fim, que nos podem trazer ainda as palavras? as mesmas e outras novas, às vezes abrimos a boca e simulamos uma autenticidade, tens razão, há qualquer coisa de falso, ou de forçado na autenticidade, como alguém que se põe em bicos de pés e se estica, como se não soubéssemos para que serve mesmo, qual a sua utilidade, talvez seja um artifício de criança, um “olhem para mim! Sou capaz de fazer este truque!” Nós queremos que nos tratem bem, essa também releva de uma autenticidade ambígua, será? Meio mundo anda a sonhar com gente que os trata mal, para quem tratar mal deriva de uma incapacidade e como tal precisa de ser compreendida e acarinhada, as mulheres então têm uma certa atracção maternal por quem é bruto, desprendido ou indiferente. De modo que contas feitas, ficam os traços de uma descoberta, descobrir tacteando no escuro, onde as palavras não têm lugar, haverá um sino, no alto de um campanário que toca para nós, uma tarde onde a opacidade do corpo é sempre real, muito mais que os pensamentos desordenados e o Tejo, como o corpo ondula, emudece, segue inexorável o seu destino.

2 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Bom texto.

Acho que o Tejo...e o mar falam com autenticidade, "seguindo inexoráveis o seu destino". Neles não há jogo. Há ser.

Um beijinho filosófico :)

via disse...

ana paula:este Tejo, que nunca é o mesmo e é sempre o mesmo...filosofias...
um bjo