quarta-feira, 27 de maio de 2009

E agora o silêncio, o silêncio não brinca com as personagens que me bailam na cabeça, nem lhes dá a mão, recolhe-se na espiral de um búzio e aí fica a cair, soro a gotejar. ao silêncio daria eu a mão, a mesma que já folheou páginas e páginas de palavras e se quedou naquela branca crisálida debatendo-se.
Encosto-me à caravana improvisada e uma madeixa de cabelo solta-se, nos gestos anunciam-se os reflexos dos gestos que mil vezes fizemos, debruçam-se ao ouvido a sussurrar, outras vozes então se juntam, erguem o tom, mergulham tontas na cerveja , e voltam, mais uma vez ébrias, esta a virgula que cresce nos pêlos e arrepia a pele, digo, e entendo que há vozes antigas e por entender calo. No silêncio partem couraçados os gritos e voltam, voltam sempre, para sulcar obedientes a linha da nascença e desaguar nas pregas do pulso. presos. enrolando promessas. Então sigo a estrela, a que logo aparece sobre a noite, é um caminho, afasto-me da história, abro os braços e adormeço entre galáxias.
fotografia de Adriana Silva Graça

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