sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Rainer maria Rilke em Cartas a um Jovem Poeta escreve:


"Sabemos muito poucas coisas, mas a certeza de que devemos sempre preferir o difícil não nos deve abandonar. É bom estar só, porque a solidão é difícil, razão mais forte para a desejar. Amar também é bom porque o amor é difícil. O amor de um ser humano por outro é talvez a experiência mais difícil para cada um de nós, o mais alto testemunho de nós próprios, a obra suprema em face da qual todas as outras são apenas preparações. É por isso que os seres muito novos, novos em tudo, não sabem amar e precisam de aprender. Com todas as forças do seu ser, concentradas no coração ansioso e solitário, aprendem a amar. Toda a aprendizagem é um tempo de clausura. Assim, para o que ama, durante muito tempo e até ao largo da vida, o amor é apenas solidão, solidão cada vez mais intensa e mais profunda. O amor não consiste nisto de um ser se entregar, se unir a outro logo que se dá o encontro. (Que seria a união de dois seres ainda imprecisos, inacabados, dependentes?). O amor é a ocasião única de amadurecer, de tomar forma, de nos tornarmos um mundo para o ser amado. É uma alta exigência, uma ambição sem limites, que faz daquele que ama um eleito solicitado pelos mais vastos horizontes. Quando o amor surge, os novos apenas deviam ver nele o dever de se trabalharem a si próprios. A faculdade de nos perdermos noutro ser, de nos darmos a outro ser, todas as formas de união, ainda não são para eles. Primeiro é preciso amealhar muito tempo, acumular um tesoiro."




É preciso não esquecer os poetas, porque nos trazem a antiga sabedoria. Sem exigir nada convocam as musas adormecidas, as apagadas coordenadas, por momentos perdidas no lodo áspero das coisas pequenas. Fazem-no sem uma réstia de ressentimento, ou de orgulho, numa incandescência breve de revelação.

3 comentários:

~pi disse...

vou lever isto em mim e
comigo, escrevê-lo por aí...,

aprender

[ como um tesouro

assim,

água s de dormir e primeira
verdade-de-ser

porque também eu ´pequei` muito de pressa ] e não só,




~

in_side disse...

levei para aqui,

era levar que queria dizer :)

obrigada,





*

via disse...

~pi:agora retrospectivamente todos pecamos por pressa, se tivessemos várias vidas, poderiamos remendar aqui e ali, escolher com mais atenção,mas não temos, somos ignorantes mesmo.Estas cartas são preciosas, quando Rilke as escreveu já tinha muito caminho percorrido, o seu interlocutor não, daí que só o tempo nos pode ajudar a ver claro.Abraço.