quarta-feira, 14 de julho de 2010

há muitas coisas que ganharam um novo valor diorético ou terapêutico, o valor catártico: assim: a arte tem valor porque é catártica, a dança também, a ginástica, a conversa, o sexo, os diários, os blogues, ir à praça, ouvir música, comer chocolates, roer as unhas, fumar, "yogar", enfim ,dentro do saco está uma infinitude de atitudes, gestos, hábitos, práticas, etc. A coisa catártica é assim absolutamente vital e plural. Comungo. Tenho um imenso amor às minhas catarsezinhas, pequenas e redondinhas, razoavelmete correctas. O meu cigarro, a minha natação, os meus discursos indignados em prol da igualdade. Aristóteles falava do efeito catártico das tragédias, nelas o herói era sublime e também heroicamente castigado pela hybris. O efeito catártico estaria nisto, por maior que fosse a nossa dor individual, um outro com o qual todos nos identificávamos tinha uma dor maior, incomensuravelmente maior e sem esperança, libertavamo-nos assim da nossa dor individual por um efeito de empatia para com a dor do outro. Interessante verificar que hoje o efeito catártico é obtido em actividades razoavelmente solipsistas e relaxantes, ao contrário da tensão suprema sentida por mor da participação na tragédia. Tensão/empatia, Distensão/ Nenhuma empatia. Assim poderia ser equacionado o problema. Daí, considerariamos catártico o que é incontrolável e nos dá prazer, numa espécie de selvageria egocêntrica. Arrrrr, mas a coisa dantes funcionava através do outro. a tensão era vivida por nós face ao outro. Os estudos americanos que dão a empatia como um comportamento em extinção nas novas gerações são preocupantes but... just look around.

9 comentários:

Rui disse...

empatia! empatia! empatia!

all around

Rosa dos Ventos disse...

A empatia será sempre uma presença no quotidiano daqueles que olham para os outros e não para o seu umbigo!

Abraço

R. disse...

Via, como bem dizes, a catarse é idiossincrática. Logo, é possível que para alguns resulte de actos partilhados... Já os Americanos são peritos em estudos que demonstram teses aprioristicamente estabelecidas, para dali a algum tempo concluírem, muitos outros estudos depois, que afinal há um "mas". Mais fácil seria lerem o "obviário" e fazerem o que realmente recomenda a ciência: "just look around"! :)
Abraço deliciado com mais esta "recolha".

via disse...

Rui: eheheh, não exageres!

Rosa dos ventos: Pois é, esperemos que continuem os da empatia e menos pro umbigo, já agora...Abraço

R: Este estudo não é apriorístico (adoro a palavra) baseia-se em inquéritos realizados a rapazes e raparigas de det. escalão etário. O teu optimismo é à prova de bala. possivelmente terás razão, eu não ma abismo mais com estes truques, chama-lhe idiossincracias, para dar lustro ao ego. serei uma pessimista? brigada.abraço

R. disse...

Olá via :)
1 - não exagero (isto é uma afirmação e um compromisso :) )
2 - ñ sei se és pessimista, realista ou até mesmo cautelosamente optimista. Referia-me antes ao facto da "ciência" frequentemente não ser "exacta" e a sucessão de estudos e contra-estudos americanos são um bom exemplo disso. Talvez alguns jovens/adolescentes não sejam muito empáticos, mas há que lhes dar um desconto. Provavelmente essa não será a melhor fase da vida para estudar a empatia e é possível que muitos deles se redimam na idade adulta (ups! que lá vem o optimismo outra vez...). O que eu sei é que há de tudo no mundo e, felizmente, a minha experiência mostra que os "bons" ainda conseguem suplantar os "maus" em número. Esperemos que também os suplantem nos efeitos :)
Um abraço grande e... optimista, pois claro!

joana padrel disse...

Um comportamento empatico em extinção seria o fim da espécie. Modismos...individualismos. Voto na empatia e ainda por cima acredito.

Subscrevo, portanto, o "just look around!"

uminuto disse...

nem sempre os estudos se enquadram na realidade, por isso...
um beijo cheio de empatia

Ana Paula Sena disse...

"just look around" - urgentemente!

A inexistência de empatia(s) começa a ser preocupante. Mas sem ela(s), não há catarse, ou por outra, nem catarse é preciso, já que tudo repousará no reino dos seres amorfos (confortavelmente!).

Estudos apriorísticos... servem mais para enfeitar, certo?

Abraço :)

via disse...

Oh R tu desarmas-me, o mundo com a tua fé não tem que ter medo. invejo-te. quem dera que a tivesse.à fé. em geral as pessoas parecem-me interesseiras e pouco empáticas quando têm algo a ganhar ou a perder, dos desconhecidos sim, um gesto, uma surpresa. Os jovens não são excepção,é uma idade de conflitos internos daí a pouca atenção aos outros, talvez tenhas razão, oxalá, seja como for não poderemos sobre esta matéria esclarecer completamente as dúvidas, prometemos ir captando exemplos para ilustrar as respectivas teses.os exemplos têm que ser factuias e verdadeiros. abraço

Joana: olá! claro, também acredito que se perdermos empatia perdemos a capacidade de ajudar e de pensar em conjunto, o melhor é arranjar um local de encontro, quem a perder dirige-se imediatamente ao ponto x, lá ela ser-lhe-á novamente entregue com pilhas carregadas...eheheh. bjo

uminuto: é verdade, mas a ciência ainda é preferível a qualquer outra forma de conhecimento porque é a mais rigorosa, parece-me. comungo do beijo.

ana paula sena:mas não são apriorísticos são resultados de inquéritos feitos!! se encontrar a notícia publico-a aqui para não haver dúvidas. boas férias! bjo