domingo, 15 de fevereiro de 2009

Somos chamados a dar opiniões e achamo-nos no direito de as dar. democracia significa intervenção de todos em tudo o que diz respeito à sua vida, só à sua vida, para a dos outros estamos basicamente nas tintas, podemos achar que não, mas aqui as opiniões não são precisas para nada, são uma espécie de ilusão a que não corresponde uma verdadeira utilidade. Os problemas das pessoas são delas, e opiniões dão-se à mesa do café, entre a bica e o croissant, se queremos chegar perto temos de levantar o rabo e dispôr-se, ora a disponibilidade é pouca, temos que fazer. Reparo nas crianças, o infantário abre às 8 e fecha às 19. Crescem no meio das outras, uma entre outros, sem ninguém com verdadeira disponibilidade para as fazer crescer. Dizia-me uma mãe depois de saber que o filho estava reprovado a todas as disciplinas menos a uma: "Pelo menos mantém-se na escola!" O problema estava então resolvido desde que houvesse sítio para onde pudesse ir. Penso que se o trabalho nos impede de prestar atenção aos que nos são queridos, então qualquer coisa de estranho se está a passar no reino da Dinamarca, não basta ter opiniões, nem é preciso, toda a gente já está imune de tal modo são banais, seria melhor calarmo-nos e observar.
Fotografia de Nana Sousa Dias

6 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Belo texto, via!!

Seria melhor, sim. Observar e abrir muito os olhos, porque há imenso para ver, com olhos de ver!!

Bj :)

via disse...

é verdade, fala-se demais vê-se pouco. bj

Cassandra disse...

Estou cansada de tentar agir, minha amiga. É a podridão que se instala nos ossos da humanidade. Esta carunchosa esta nossa alma. Precisamos arejá-la.

Cassandra disse...

Correcção: "Está carunchosa".

Anonyma disse...

De estranho???
Não de estranho não, receio que seja mesmo de podre como bem diria o meu amado príncipe.

via disse...

cassandra: arejemo-la então! pois este é o tempo certo!

anonyma:ai o principe que de tão longe já adivinhava!