segunda-feira, 4 de maio de 2009

No espaço onde vivo, um empreendimento novo (10 anos) de casas iguais de três andares, havia vista de mar e um espaço selvagem onde cresciam malmequeres, campânulas, jasmins, e onde as pessoas passeavam os cães, andavam ou corriam ou simplesmente passeavam. Passados dez anos a vista de mar foi-se, engolida por um bairro de casas altas e apertadas, o espaço selvagem que ainda perdurou está a ser aplanado por uma retro escavadora, um "jardim" com circuito de manutenção e cafetaria, dizem alguns...mais um espaço de árvores raquíticas alcatrão e betão, um espaço humanizado. Os moradores olham com tristeza a destruição daquele pedaço de campo onde lavavam os olhos, lá se vai o pedacinho que me fazia lembrar o meu Alentejo, dizia a minha vizinha. Pergunto: até quando nos vamos resignar a viver em bunkers completamente fechados por janelas que dão para muros? Até onde a nossa resignação de vermos um a um fugir os espaços verdes? A Câmara de Cascais não perguntou nada a quem aqui mora, nenhum protesto é eficaz, mesmo os mais justos caem em saco roto ou levam anos na justiça. Democracia? Quem estará contente com esta democracia que só cede a interesses económicos?
fotografia de Adriana Silva Graça

4 comentários:

Anonyma disse...

Receio via que, enquanto existir uma relação directa entre construção e receitas dos municípios, pouco se consiga realmente fazer.
Não só me parece alimentar este desnorte como igualmente os bolsos de muita gente...
Relativamente a Cascais, e não sei em absoluto a que zona te referes, acho que se está a transformar numa zona de guerra paisagística, um atentado a cada esquina!

via disse...

Anonyma: não há de facto meio de parar este acto desenfreado de construção, custa-me resignar-me,devia haver organizações de moradores que tivessem voz activa, mas também aqui as pessoas estão divididas, há aqueles que gostam, dizem que valoriza o bairro mais construção, a minha vontade é sair daqui,rapidamente...

Ana Paula Sena disse...

É tão difícil fazer ouvir a nossa voz, quando ela incomoda!

Tomara ainda possam encontrar uma solução... no mínimo mais arejada.

Mas não é só por aí, o mal grassa noutros lugares, perto de mim, há casos semelhantes. Infelizmente.

Cassandra disse...

Só apetece ir para a rua gritar. Mer**** mas a estas florestas de betão! Aposto que o Sr. Presidente na Câmara vive num condomínio com muito, muito verde. São os valores que estão trocados. O dinheiro é o Buda deste povo...