segunda-feira, 1 de junho de 2009



"Era óbvio que a suas tremendas reacções emocionais nada tinham a ver com a realidade.Era algo íntimo e angustiante para ela. A grosseria tinha muito mais a ver com ela - com o seu estado interior, a sua depressão, a sua raiva e o seu ódio a si própria - do que com algo externo. Não percebia a realidade imediata porque tinha um estranho mundo interior. Sentia nitidamente que ela tinha necessidade de olhar para a sua própria sombra"

A propósito de Highsmith e desta espantosa e reveladora biografia editada em 2004 pela Bloomsbury. O efeito da biografia de um autor admirado (diria idolatrado!) é empolgante, pensamos que não há vida para além da imensa escrita, de cartas, diários, romances e contos, ohamos para uma mulher imersa em livros e amantes, que tem pavor da intimidade e o que se nos revela é uma certeza, a vida, seja lá o que for, não tem imediatamente a ver com a obra, é a sensibilidade, a forma de captar que escapa aos factos e faz a diferença.

3 comentários:

mixtu disse...

... por vezes a obra não tem a ver e haver com a vida...
embora devemos ler o autor sempre nos intervalos das palavras...
tal como em benedetti...

abrazo serrano

Ana Paula Sena disse...

Concordo contigo. É só nessa especial, ou diferente sensibilidade, que reside a diferença.

Por outro lado, tenho que o referir: sou fã da Patricia Highsmith. Desde há muito tempo. Há um conto dela que me fascinou logo bem cedo: "O observador de caracóis".
Tenho pena, mas não li esta biografia dela. Agradeço-te a referência :)

via disse...

mixtu: neste caso nada se parece menos Highsmith e Ripley! claro que procuramos na obra o autor e no autor a obra mas são mesmo universos diferentes, não são parelelos mas são independentes.

abraço luso

Ana Paula: também, gosto muito, as traduções da europa américa ´é que são más, logo tou a tentar no original, tem uma carga poética que se perde na tradução.

agradeço-te o comentário!