hoje é um dia infeliz, um dia onde compreendemos que a globalização é uma galinha manca , um enredo, uma ficção de cenário de papel. o Haiti é uma colónia de férias do Ocidente e neste momento lá por dentro das pedras, está gente a sufocar, gente são pessoas mortas, em catadupa, aos milhares. Como é possível num mundo tecnológico com telemóveis capazes de comunicar com o Haiti em fracções de segundo, num mundo onde dezenas de satélites permanecem a girar incansáveis à roda da terra para captar esta taquicárdia de informações tolas, não haja um satélite, uma sonda, um mapa, uma amostra, que possa prever uma catástrofe destas. Como? Que raio de ciência é esta? A ciência de quê? Para quem? Geógrafos? Sismólogos? Geólogos? Para que vos quero.
4 comentários:
sismo
cismo nessa súbita ave
imprevista
amortalhada-empastelada
a cada passo-espaço
a cada pro-gresso
in-gresso-no céu-amarrotado
] lugares de passos onde
flutuam pessoas-vácuo
onde inexistem
[ pessoas-chapa
gente de lá pra nos servir
pra nos sorrir pra nos abrir
gente que dói e morre assim
subitamente morta de si
por esquecimento
no pátio-flor que não floriu
[ onde não mais seu
coração - sempre a esperar
] que eu vi
se mova e abra
~
O planeta é só um, mas os mundos que nele vivem são demasiados em número, em género e em espécie.
~pi: tu vais voando com as palavras, leves e introspectivas, gosto sobretudo de "gente que dói e morre assim
subitamente morta de si
por esquecimento" é isso.
Rui: um planeta onde há lugares esquecidos.
Concordo. Mas atentemos no lado positivo desta globalização: todos podemos contribuir, no grau que estiver ao nosso alcance, para minimizar o sofrimento instalado. Então: mãos à obra! (que o tempo urge!)
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