quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

sismo

hoje é um dia infeliz, um dia onde compreendemos que a globalização é uma galinha manca , um enredo, uma ficção de cenário de papel. o Haiti é uma colónia de férias do Ocidente e neste momento lá por dentro das pedras, está gente a sufocar, gente são pessoas mortas, em catadupa, aos milhares. Como é possível num mundo tecnológico com telemóveis capazes de comunicar com o Haiti em fracções de segundo, num mundo onde dezenas de satélites permanecem a girar incansáveis à roda da terra para captar esta taquicárdia de informações tolas, não haja um satélite, uma sonda, um mapa, uma amostra, que possa prever uma catástrofe destas. Como? Que raio de ciência é esta? A ciência de quê? Para quem? Geógrafos? Sismólogos? Geólogos? Para que vos quero.

4 comentários:

~pi disse...

sismo

cismo nessa súbita ave

imprevista

amortalhada-empastelada

a cada passo-espaço

a cada pro-gresso

in-gresso-no céu-amarrotado


] lugares de passos onde

flutuam pessoas-vácuo

onde inexistem

[ pessoas-chapa

gente de lá pra nos servir

pra nos sorrir pra nos abrir


gente que dói e morre assim

subitamente morta de si

por esquecimento

no pátio-flor que não floriu

[ onde não mais seu

coração - sempre a esperar

] que eu vi

se mova e abra






~

Rui disse...

O planeta é só um, mas os mundos que nele vivem são demasiados em número, em género e em espécie.

via disse...

~pi: tu vais voando com as palavras, leves e introspectivas, gosto sobretudo de "gente que dói e morre assim

subitamente morta de si

por esquecimento" é isso.

Rui: um planeta onde há lugares esquecidos.

R. disse...

Concordo. Mas atentemos no lado positivo desta globalização: todos podemos contribuir, no grau que estiver ao nosso alcance, para minimizar o sofrimento instalado. Então: mãos à obra! (que o tempo urge!)